Ácido Tranexâmico e Resveratrol no Tratamento do Melasma
publicado em 08/08/2022
J Herdt, N Silva Martins, KE Machado
Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Florianópolis SC, Brasil
O melasma é uma patologia adquirida que se caracteriza por manchas hiperpigmentadas nas áreas fotoexpostas da pele, atingindo principalmente a região da face e causando, assim, grande impacto na autoestima e na qualidade de vida. Com essa perspectiva, o objetivo deste artigo foi avaliar os benefícios da utilização do ácido tranexâmico e do resveratrol no tratamento do melasma.
Melasma is an acquired pathology, which is characterized by hyperpigmented spots in the photo-exposed areas of the skin, affecting mainly the face region, causing a great impact on self-esteem and quality of life. In this perspective, the objective is to evaluate the benefi ts of using tranexamic acid and resveratrol in the treatment of melasma.
El melasma es una patología adquirida, que se caracteriza por manchas hiperpigmentadas en las zonas fotoexpuestas de la piel, afectando principalmente la región del rostro, provocando un gran impacto en la autoestima y calidad de vida. En esta perspectiva, el objetivo es evaluar los benefi cios del uso de ácido tranexámico y resveratrol en el tratamiento del melasma.
Ácido Tranexâmico e Resveratrol no Tratamento do Melasma
A face é uma região que todo ser humano se preocupa em preservar. Em parte, essa preocupação do ser humano se dá pelo fato de a face abrigar a maior parte de seus órgãos sensoriais e o caracterizar e individualizar diante de seus semelhantes, ou seja, a face é muito importante em relação à autoestima de um indivíduo. Nesse contexto, tudo o que saia do equilíbrio ou cause um aspecto inestético e esteja presente no rosto de uma pessoa normalmente tenderá a incomodá-la, fazendo com que ela procure um tratamento para que possa normalizar essa disfunção. Com o advento da tecnologia e com uma população mundial cada vez mais exigente, a procura pela harmonização facial é crescente. Mas, em âmbito histórico, este não é um assunto novo: desde a Antiguidade, estuda-se o que seria um rosto harmônico. Por exemplo, o filósofo grego Aristóteles, em seus trabalhos, procura descrever o que seria uma face agradável ao olhar.1
Em vista disso, nos tempos atuais, a feitura de uma “selfie perfeita” tornou-se um fenômeno que busca “transformar” essa imagem em um mobilizador de olhares e curtidas, para demonstrar o quão popular é um indivíduo.2
O ser notável se tornou um pré-requisito para a existência de uma pessoa no atual meio social. Sendo assim, por causa dessas mudanças comportamentais humanas, pode-se, como modo de entender essa nova sociedade, parafrasear o pensamento “Penso, logo existo”, mencionado pelo filósofo francês René Descartes na obra Discurso do método, de 1637, para: “Sou visto, logo existo”.
Caso essa visualização, essa notoriedade e essa popularidade não ocorram com uma pessoa, ela poderá tender a procurar os porquês de ter sido levada a esse patamar impopular, a comparar-se com personalidades que são famosas em redes sociais e a fazer uma busca incessante pela perfeição. Entre essas características, a beleza da pele é um dos nichos a serem buscados, pois, com o advento de câmeras cada vez melhores em smartphones, que conseguem retratar com muita nitidez cada imagem, a pele é posta em evidência e tem todos os seus detalhes colocados em foco, como: sobrancelhas, acnes, oleosidade, manchas, entre outras características.3
Todo esse contexto da beleza não é mais considerado somente um quesito banal, mas sim como parte de um dos caminhos que levam à saúde, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “[...] é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de afecções ou doenças”.4
Com esse intuito de promover o bem-estar, para que assim possamos ajudar a aclarar um possível caminho de tratamento, elegemos o melasma, entre os variados distúrbios que podem ocorrer na pele, para ser abordado no presente artigo.
O melasma é caracterizado por manchas na pele, de limites imprecisos e cor amarronzada, que afetam as principais áreas fotoexpostas do corpo, como o rosto, e acometem principalmente as mulheres, causando grande impacto em sua autoestima e qualidade de vida.5
A origem dessa hiperpigmentação está relacionada à hiperatividade dos melanócitos, que pode ser desencadeada por diversos fatores, como: genética, hormônios, gravidez, utilização de anticoncepcionais e de algumas outras medicações, uso de drogas fototóxicas e exposição solar.5,6
Por afetar a autoestima e os aspectos psicossociais dos indivíduos, impactando sua vida pessoal e podendo causar sua privação do convívio social,7 o distúrbio inestético leva os indivíduos acometidos a buscar tratamentos.
Entre as várias opções que existem para o combate do melasma encontra-se o resveratrol e ácido tranexâmico. O resveratrol apresenta como principal função a capacidade antioxidante, podendo atuar dessa forma em diferentes distúrbios inestéticos, como envelhecimento e melasma.8 No trabalho de Franco e colaboradores (2012),9 esses autores destacam que o ativo inibe a ação da tirosinase, bloqueando dessa forma a melanogênese, ou seja, a formação da melanina.
Já o ácido tranexâmico é capaz de controlar a melanogênese por degradar a melanina no plasma, além de apresentar atividades anti-inflamatória10 e despigmentante, diminuindo os fatores de crescimento endotelial vascular (VEGF), que são importantes atividades relacionadas ao combate do melasma considerando que a fisiopatologia deste desencadeia a dilatação dos vasos sanguíneos.11
Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo avaliar os benefícios da utilização do ácido tranexâmico e do resveratrol no tratamento do melasma.
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