Sexual Care

Jovens, leves e acolhedoras

Aspectos técnicos

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Sexual Care

Com foco na saúde, no bem-estar e no autoconhecimento, novas marcas de sexual care – várias delas nascidas durante a pandemia – abordam o prazer sexual com naturalidade, em oposição a estigmas e tabus associados ao erotismo. Géis lubrificantes, óleos para massagem, séruns e outros itens chegam ao mercado com visual clean e comunicação assertiva. Alinhadas ao autocuidado, essas marcas propõem uma nova conversa sobre o tema, de forma atraente e descontraída.

“O mercado de sexual care no Brasil tem passado por uma transformação notável nos últimos anos. A comunicação sobre o tema evoluiu significativamente, refletindo uma mudança positiva na forma como a sexualidade é abordada. Hoje observamos maior abertura, diversidade e inclusão, algo que se tornou ainda mais evidente durante a pandemia, quando houve um olhar mais solidário para a própria sexualidade”, aponta a sexóloga Natali Gutierrez, criadora da marca Dona Coelha.

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Para Chiara Luzzati, CEO da Lubs, esse é um mercado que ainda enfrenta preconceitos e barreiras culturais. “Sob esse ponto de vista, as marcas de sexual care vão muito além dos produtos, entregando conteúdos educativos de qualidade, para incentivar o consumidor a quebrar esse tabu na própria vida”, diz.

Em seu relatório anual Innovation Debrief Report, divulgado em julho deste ano, a britânica The Future Laboratory elenca algumas das tendências que estão impactando a indústria de beleza e cuidado pessoal, em escala global. Dentre elas está a “Gynaeguity”. A tendência diz respeito às inovações propostas por femtechs (negócios que desenvolvem produtos e serviços voltados às necessidades específicas das mulheres), com soluções que abrangem de dores menstruais à fertilidade.

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O relatório aponta que mais mulheres estão assumindo o controle de sua saúde sexual e seu bem-estar ginecológico e encorajando outras a fazerem o mesmo. “Agora é hora de priorizar a inclusão e a compreensão das mulheres, de estabelecer comunicação direta com elas e de adaptar projetos e serviços às suas necessidades específicas, para fornecer cuidados precisos”, disse Olivia Houghton, analista adjunta de previsão criativa do The Future Laboratory.

Segundo a Allied Market Research, o mercado global de bem-estar sexual movimentou US$ 78 bilhões em 2020, cifra que deve chegar a US$ 108 bilhões em 2027. Outra estimativa, da KBV Research, aponta que esse segmento pode chegar a US$ 125 bilhões até 2026.

O estudo da Allied Market Research destaca a migração de produtos comumente encontrados em sex shops para outros pontos de venda, movimento que inclui a adesão de grandes varejistas ao sexual care, como a Amaro. A empresa do setor de moda passou a incluir produtos para bem-estar sexual no portfólio em abril de 2021, quando se reposicionou como uma marca de lifestyle.

O bem-estar, que ganhou outra dimensão no mundo pós-pandemia e ascendeu como nova categoria em e-commerces de moda e beleza, abrange naturalmente as questões relacionadas ao prazer sexual. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o termo “saúde sexual” como um “um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade”. Para além da ausência de doenças, disfunções ou enfermidades, o tema requer uma “abordagem positiva e respeitosa”.

Além do surgimento das femtechs e das sextechs, vale mencionar outros movimentos de mercado, como grandes empresas que têm investido em parcerias e incluído marcas de sexual care em seus programas de aceleração. Os marketplaces Época Cosméticos, do Magazine Luiza, e Beleza na Web, pertencente ao Grupo Boticário, passaram a incluir produtos para sex care em seus portfólios em 2021.

Uma conjunção de fatores ajuda a explicar o avanço das empresas e startups que criam e inovam no mercado de sexualidade, as chamadas sextechs. Criadas majoritariamente por mulheres, elas promovem inclusão ao aliar tecnologia e bem-estar, por meio do desenvolvimento de aplicativos de autoconhecimento e interação, de plataformas de educação em sexualidade, cosméticos, sex toys (como mini-vibradores e sugadores de clitóris), jogos e suplementos, dentre outros artigos.

São exemplos de sextechs com crescimento acelerado nos últimos anos as marcas Pantynova e Feel. Criada em 2018, a Pantynova chegou ao segmento com dois produtos próprios e a curadoria de outros itens. A empresa participou do Scale-Up Consumer Goods, da Endeavor, em 2021. A partir do ano seguinte, passou a comercializar apenas itens próprios. O blog da marca apresenta contos eróticos, “como uma alternativa à pornografia convencional”, escritos sob a perspectiva feminina.

A Feel, que nasceu em 2020, participou do programa de aceleração GB Venture, do Grupo Boticário. Os primeiros produtos da marca foram um gel de massagem íntima e um óleo para desconforto pélvico. Hoje, o portfólio da Feel é dividido nas categorias limpeza, hidratação, lubrificação, prazer e kits de produtos. A empresa se uniu à Lilit, que produz vibradores, e as empresas passaram a operar juntas, sob a marca Feel.