Representatividade

Fisiologia

Formulações

Para todos os tons

Dicas práticas

Natura realiza estudo sobre cuidados com a pele negra

 

 

 

 

Captura de tela 2025-09-16 165659.png

De acordo com um levantamento feito pela L’Oréal, no Brasil são encontradas 55 das 66 tonalidades de pele mapeadas em todo o mundo. Apesar da variedade de lançamentos em maquiagem, especialistas destacam a carência de produtos que contemplem a diversidade de tons e subtons da pele negra no país.

“O desenvolvimento de formulações para esse fototipo exige um olhar técnico que considere tanto a diversidade cromática quanto as particularidades estruturais, biológicas e funcionais dessa pele”, diz a engenheira química Jakeline Alexandre, consultora de P&D e especialista em formulações de maquiagem.

O químico Marcos Spina, especialista nas áreas de maquiagem, skincare e proteção solar, acredita que o maior obstáculo para o avanço da maquiagem voltada à pele negra “está mais nas estratégias das empresas – especialmente em marketing, distribuição e educação do consumidor – do que na ausência de tecnologia ou capacidade de formulação”.

No país com uma das populações mais miscigenadas do mundo, há potencial para que a categoria avance e contemple as demandas de uma parcela cada vez maior de consumidores. Segundo a classificação do IBGE, a população negra no Brasil, composta por pessoas pretas e pardas, representa mais da metade da população total (pouco mais de 56%). São mais de 112 milhões de pessoas.

De acordo com o Censo 2022, pela primeira vez desde 1872 a população parda superou a branca como o maior grupo étnico-racial do país. Os pardos são mais numerosos nas regiões Norte e Nordeste, enquanto a população preta tem maior concentração no Nordeste.

Captura de tela 2025-09-16 150336.pngA pesquisa "O que falta para reinar? Um olhar para consumidores negros", encomendada pela Globo e realizada pela PretaHub (aceleradora e incubadora de projetos, gestada pelo Instituto Feira Preta), pelo Instituto MAS Pesquisa e pelo Oralab, a população negra tem poder econômico de R$ 1,46 trilhão. O total representa a soma do principal rendimento bruto mensal da população autodeclarada preta e parda, multiplicada por 13 meses (considerando-se o 13º salário), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) de 2022.

O levantamento mostra dados importantes sobre o consumo da população negra no Brasil: 87% dos participantes do Festival Feira Preta (o maior festival de cultura negra e empreendedorismo da América Latina, realizado anualmente no Brasil) preferem comprar de afroempreendedores; 98% dos consumidores valorizam produtos e serviços com a temática negra incorporada; e 77% dos afroempreendedores do Festival Feira Preta acreditam que elementos da cultura negra contribuem para a fidelização de clientes.

“As marcas de maquiagem têm uma enorme representatividade dentro do Feira Preta, pois não só trazem produtos inclusivos, pensados para diferentes tons de pele, como também reforçam a missão do Feira Preta: promover a representatividade, valorizar a economia criativa negra e oferecer soluções estéticas alinhadas às necessidades de um público historicamente negligenciado”, diz Adriana Barbosa, fundadora do Instituto Feira Preta.

Captura de tela 2025-09-16 143910.png
Adriana
Barbosa

A presença de marcas de maquiagem voltadas à beleza negra vem crescendo ao longo das edições do festival, “acompanhando a expansão do mercado de cosméticos inclusivos e o fortalecimento do afroempreendedorismo”, aponta. “Em 2024, tivemos seis marcas selecionadas nesse segmento. Em uma primeira análise, o número ainda não é muito expressivo, mas esses negócios estão crescendo e ganhando espaço no nosso evento e no mercado”, menciona.

Um estudo realizado pela Data Makers em 2024, em parceria com a Black Influence, destaca que o consumo também pode ser uma ferramenta de empoderamento. Para o estudo Black Consumers, foram ouvidas 744 pessoas pretas e pardas de todas as regiões do Brasil. 64,85% dos entrevistados dão preferência a marcas que apoiam ou se identificam com a causa negra.

Para 57,41%, vale a pena pagar mais por produtos e serviços alinhados a essa causa. 56,25% dos respondentes disseram que boicotariam ativamente empresas que desrespeitem a população negra, enquanto 45,65% já deixaram de consumir de marcas por falta de apoio ou por desrespeito à comunidade.

Cerca de 62% destacaram que a presença de pessoas pretas e pardas influencia positivamente a relação com uma marca, enquanto 58,78% afirmaram consumir mais de marcas que empregam essa diversidade. Setores como beleza (13,7%), serviços financeiros (12,56%), educação (12,1%) e moda (11,59%) foram identificados como os mais deficitários em atender as necessidades dessa população.

 

Fisiologia

Dermatologistas apontam que a pele facial de pessoas negras normalmente é mista, sendo bastante oleosa na zona T e mais ressecada na região dos olhos. A hidratação é essencial e a região dos olhos merece atenção especial, por ser mais suscetível ao aparecimento de manchas e ao ressecamento. As áreas do nariz, centro da testa e queixo são propensas ao surgimento de cravos.

Uma das principais diferenças da pele negra em relação à branca é a maior produção de melanina, responsável pela pigmentação da pele. Na pele negra, as camadas cutâneas estão fortemente unidas em uma estrutura rígida, o que a torna mais firme e resistente ao aparecimento de rugas, flacidez e celulite.

Captura de tela 2025-09-16 152029.png
Flávia
Addor

“A pele negra tem maior atividade dos melanócitos e predominância de eumelanina, pigmento mais escuro e resistente à degradação. Ela oferece proteção natural superior contra a radiação ultravioleta, reduzindo o risco de cânceres cutâneos e fotoenvelhecimento. Em contrapartida, ela favorece a maior incidência de hiperpigmentações pós-inflamatórias e de melasma”, explica a dermatologista Flávia Addor, sócia diretora do grupo Medcin.

Além de mais espessa, a pele negra costuma ter maior tendência à formação de manchas, especialmente aquelas decorrentes de processos cicatriciais. “O estrato córneo da pele negra tende a ser mais compacto, com maior número de camadas celulares e maior coesão. Apesar da barreira mais robusta, estudos mostram que pode haver tendência à comedogênese e foliculite, agravada pelo aumento de encravamento dos pelos, que são mais curvos”, menciona.

A pele negra tem maior propensão à formação de queloides e cicatrizes hipertróficas devido à resposta exacerbada dos fibroblastos e à produção aumentada de colágeno. “Procedimentos cirúrgicos ou traumas devem ser cuidadosamente planejados para minimizar riscos de cicatrizes patológicas”, diz

Captura de tela 2025-09-16 150945.pngA tendência à hiperpigmentação é o problema dermatológico mais comum em peles negras, que também sofrem com a foliculite e a inflamação, que é menos visualizada e, portanto, negligenciada. “A camada córnea mais coesa favorece o espessamento da pele em áreas de coceira ou atrito, fenômeno chamado de liquenificação”, cita.

Ela destaca que no Brasil, em razão da miscigenação, temos muito mais do que os clássicos fototipos de Fitzpatrick (pele extremamente branca, branca, morena clara, média, morena escura e negra). “Estima-se que haja, segundo pesquisas conduzidas por institutos como o IBGE e o Projeto Genoma Humano Brasileiro, uma ampla gama de variações cromáticas, com estimativas variando entre 30 e 36 subtons descritos em levantamentos populacionais e estudos de pigmentação cutânea”, diz.

 “Esse fato é relevante para se ter cautela com tratamentos que possam induzir inflamação (como peelings e esfoliações) pois o risco de pigmentação aumenta. Além disso, a escolha de produtos coloridos deve levar em conta esses matizes”, completa.

 

Formulações

Marcos Spina explica que, no desenvolvimento de formulações de maquiagem, é fundamental considerar alguns fatores-chave, como público-alvo (faixa etária e tons de pele), tipo de pele, custo da formulação e tonalidades. No caso da pele negra, é essencial considerar tanto a fisiologia da pele quanto a ampla diversidade de tons e subtons.

Captura de tela 2025-09-16 152529.png“Com relação às tonalidades, é necessário compreender os diferentes subtons, como os azulados, avermelhados ou neutros, o que muitas vezes exige o uso de pigmentos específicos, como os de base azul e vermelha, para alcançar a naturalidade e a fidelidade da cor. Um fator determinante para a boa performance do produto é o uso de pigmentos tratados, que proporcionam maior cobertura e uniformização da aplicação”, afirma.

Captura de tela 2025-09-16 143451.png
Jakeline
Alexandre

Além do uso de pigmentos revestidos, Jakeline observa que no desenvolvimento cromático de maquiagens faciais como bases, pós e corretivos em tons médios a escuros, é crucial evitar o efeito acinzentado, comum em fototipos mais escuros quando há excesso de pigmentos brancos.

“Alternativas incluem reduzir ou excluir o dióxido de titânio na formulação. No entanto, como consequência, há perda de cobertura no disfarce de manchas ou olheiras. Outra técnica de desenvolvimento de cor é substituir parte do óxido de ferro preto por azul ultramarino, que equilibra o subtom e confere maior fidelidade, principalmente aos fototipos IV (escala de Fitzpatrick)”, ela aponta.

“Em produtos como sombras e blushes, o payoff (intensidade de cor) pode ser obtido pela maior concentração de pigmentos e pelo uso de microesferas elásticas (copolímero de etileno e ácido acrílico), que melhoram a aderência e a uniformidade”, completa.

Captura de tela 2025-09-16 143851.png
Marcos
Spina

Spina destaca que, além da cobertura, as bases para pele negra devem oferecer benefícios de tratamento, considerando algumas características fisiológicas comuns, como: menor concentração de lipídios e ceramidas, menor teor de água na epiderme, maior perda transepidérmica de água, presença de discromias em regiões específicas do rosto, tendência à hiperpigmentação na região dos lábios e maior predisposição a dermatoses, como acne e melasma.

O uso de ingredientes leves e ativos com propriedades de tratamento é essencial. Entre os mais indicados, estão a niacinamida, o ácido hialurônico e ativos hidratantes à base de açúcares. “Esses componentes ajudam a melhorar o aspecto geral da pele, promovendo não só a beleza estética, mas também a saúde cutânea no longo prazo”, diz.

Com base nas tecnologias cosméticas disponíveis atualmente, o especialista acredita que a oferta de produtos ainda é insuficiente diante da diversidade de tons de pele existentes no Brasil. “Muitas marcas desenvolvem produtos com foco em um público mais amplo, inserindo pessoas negras apenas na comunicação visual, sem garantir a performance e a adequação dos produtos para esse grupo. Isso gera frustração entre os consumidores”, afirma.

“Acredito que não faltam tecnologias cosméticas para o desenvolvimento de produtos adequados à pele negra. Atualmente, dispomos de pigmentos tratados que proporcionam alta pigmentação e uniformização do tom, além de ativos que atendem às principais necessidadesdessa pele e texturas inovadoras que contribuem para a manutenção da saúde cutânea”, acrescenta.

No entanto, ele aponta a escassez de subtons realmente adequados, especialmente para peles retintas com subtons azulados eCaptura de tela 2025-09-16 153710.png avermelhados. “Essa carência leva muitos consumidores a misturar diferentes bases para chegar ao tom ideal, o que não deveria ser necessário”, menciona.

Para o especialista, outro ponto crítico é a distribuição: “produtos voltados à pele negra são mais difíceis de encontrar, especialmente fora da região Sudeste, ficando restritos a poucas redes ou canais digitais. Além disso, a falta de comunicação clara e de orientação sobre os tons disponíveis dificulta a escolha correta por parte do consumidor”.

Jakeline menciona as variações sutis de subtons, que nem sempre são contempladas pelas marcas. “Muitas paletas ainda trazem poucos tons escuros, o que não cobre toda a diversidade de fototipos e leva consumidores a improvisar misturas para alcançar o tom adequado. Mesmo em marcas nacionais especializadas, a oferta de tons escuros ainda se limita a apenas sete opções, sem benefícios de proteção da barreira cutânea, apenas de controle de oleosidade com adição de amido modificado e sílicas”, afirma.

Ela acrescenta que, embora as tonalidades de bases tenham evoluído nos últimos anos, os protetores solares com cor ainda carecem de cartelas inclusivas. “A maioria das opções do mercado utiliza pigmentos que deixam resíduo esbranquiçado ou acinzentado, principalmente quando há presença de dióxido de titânio como filtro físico principal”, diz.

A especialista ressalta o avanço significativo do investimento das marcas na ampliação de paletas de cores para bases e protetores solares no mercado internacional, sobretudo após a chegada da marca Fenty Beauty, em 2017.

Captura de tela 2025-09-16 155447.png“No Brasil, esse movimento começou a se refletir em portfólios mais amplos, como os 50 tons da base stick da marca Boca Rosa, mas o país ainda enfrenta desafios para atender plenamente à diversidade de tons e subtons da população negra com texturas cremosas, fluidas, protetores solares com cor, blushes, contornos e até sombras para esses fototipos”, pontua.

Contemplar essa diversidade exige que as marcas ampliem o número de SKUs, o que gera desafios operacionais expressivos, abrangendo desde a gestão de estoque e custo de armazenagem ao treinamento nos pontos de venda, para orientar o consumidor na escolha correta entre tantas opções.

“Além disso, há o impacto no tempo de desenvolvimento das formulações, já que cada tom precisa ter diferentes concentrações de pigmentos, ser validado quanto à fidelidade de cor na pele e, posteriormente, testado para estabilidade, compatibilidade e segurança”, comenta.

Jakeline destaca que a indústria tem buscado soluções com pigmentos e filtros UV revestidos cada vez mais tecnológicos. Ainda assim, o equilíbrio entre inclusão real e a viabilidade operacional e de custo segue como um dos principais desafios do mercado brasileiro.

“A representatividade da pele negra em maquiagens vai muito além da diversidade cromática: é fundamental direcionar atenção para a saúde dessa pele. Atender às necessidades específicas dos fototipos mais altos envolve oferecer tratamentos multifuncionais, capazes de equilibrar o controle da oleosidade sem comprometer a hidratação e promover a reposição de lipídios sem comedogenicidade e excesso de brilho, que são desafios recorrentes desse perfil cutâneo”, explica.

Para aliar cuidado e diversidade, “é essencial que as formulações contemplem ingredientes que fortaleçam a barreira cutânea por meio da reposição lipídica (como ceramidas, fitoesfingosina, esfingolipídios e ácidos graxos biomiméticos), aliada a ativos hidratantes para combater a perda de água transepidermal (combinações de hialuronatos de sódio e ácido poliglutâmico), controladores de oleosidade (microesferas deCaptura de tela 2025-09-16 155509.png sílica lipofílica associadas a agentes seborreguladores) e moduladores de pigmentação, como a Niacinamide PC, reconhecida por sua eficácia e propriedades multifuncionais”, afirma.

A inclusão de antioxidantes como a vitamina C e filtros solares com, no mínimo, FPS 30 para UVB e PPD 20 para UVA, é igualmente relevante para prevenir manchas e proteger a pele dos danos oxidativos. “Quando desenvolvidas com essa visão, as formulações passam a representar de forma autêntica a pele negra, respeitando suas particularidades fisiológicas e estruturais e promovendo não apenas cor e acabamento, mas também cuidado e prevenção no longo prazo”, conclui.

 

Para todos os tons

A Fenty Beauty, marca de maquiagem criada pela cantora Rihanna, foi lançada em setembro de 2017 e rapidamente se tornou um sucesso devido à abordagem inclusiva e à ampla gama de tons de base. A marca nasceu de uma parceria entre Rihanna e o conglomerado de luxo LVMH, com a cantora atuando como fundadora, CEO e diretora criativa, enquanto o grupo LVMH cuidava da distribuição e logística.

Captura de tela 2025-09-16 155950.png

A marca se destacou por oferecer 40 tons de base no lançamento, um número muito maior do que o padrão da indústria na época. Reconhecida pela revista Time como uma das melhores invenções de 2017, a Fenty Beauty chegou no Brasil em 2019, com 50 tons de base.

Dentre os destaques está a Soft Lift, base líquida hidratante com cobertura média e acabamento natural, desenvolvida para realçar o brilho da pele, sem pesar. Disponível em 50 tonalidades, a Soft Lift entrega “um glow de pele saudável que dura o dia todo”. A formulação traz extrato de kakadu plum, rico em antioxidantes, e extrato da folha de papiro, que promove hidratação intensa durante todo o dia.

A Pro Filt’r é uma base mate suave de longa duração com cobertura média a alta, que possibilita construir camadas. “Essa base leve como o ar confere à pele um acabamento sem brilho super suave e que disfarça a aparência dos poros”, informa a marca. A formulação oil-free é resistente ao suor e à umidade.

Desenvolvido para elevar a experiência de correção da pele, o corretivo We’re Even não é apenas um aliado na camuflagem de imperfeições, mas também uma fonte intensiva de hidratação. Com cobertura média e acabamento de “segunda pele”, o corretivo hidrata e ilumina a área dos olhos instantaneamente e por até 12 horas, “com resultados que só melhoram com o uso contínuo”.

Outros destaques da Fenty Beauty são o Match Stix Contour e o Hydravizor Huez. O Match Stix Contour é um bastão de contorno com formulação híbrida entre creme e pó, que possibilita construir camadas, sem marcar linhas de expressão ou endurecer na pele.

O hidratante facial com cor Hydravizor Huez é formulado com óxido de zinco, niacinamida, ácido hialurônico e extratos de melão kalahari e de baobá. O produto oferece proteção contra os raios UVA/UVB e reduz a aparência de poros e manchas escuras, além de acalmar e condicionar a pele. Ele está disponível em dez tonalidades, que se adaptam a uma ampla gama de tons e subtons de pele, “proporcionando uma cobertura natural e radiante”.

Definida como rebelde, inovadora e criada para todos, a Uoma Beauty tem identidade marcante e traz nas embalagens mensagens como "o nosso idioma é a cor" e "o nosso povo é livre". A marca criada pela nigeriana Sharon Chuter (Uoma significa "bonito" no idioma igbo) tem como objetivo promover a inclusão e a diversidade no mercado de beleza.Captura de tela 2025-09-16 160617.png

A Uoma Beauty foi lançada em 2019 com uma ampla gama de produtos, incluindo 51 tons de base. A marca também é conhecida por sua campanha #PullUpForChange, que incentiva a transparência sobre a representação de pessoas negras em empresas do setor.

A marca brasileira Negra Rosa foi criada em 2016, por Rosangela José da Silva. Antes de criar a Negra Rosa, Rosangela atuava no mercado de beleza como consultora e criadora de conteúdo em seu blog e canal no YouTube, "Negra Rosa, Rosa Negra", no qual compartilhava dicas e experiências sobre maquiagem e cuidados com os cabelos crespos e cacheados.

A Negra Rosa teve foco inicial em maquiagem e atualmente oferece produtos para cabelos crespos e cacheados e itens de skincare. Em 2023, a empresa mineira Farmax adquiriu a área de operações da Negra Rosa, o que permitiu à marca expandir sua atuação e lançar novos produtos.

O portfólio de maquiagem inclui a Base Líquida Negra Rosa, produto multifuncional com FPS 15, que oferece proteção contra os raios UVB e UVA. A base hidrata, ilumina, suaviza e disfarça imperfeições na pele. A formulação traz um complexo absorvedor de oleosidade, tem fácil aplicação, efeito soft mate e cobertura de leve a média.

Em junho de 2024, a Boca Rosa, marca de maquiagem da empresária Bianca Andrade, apresentou ao mercado 50 tons de base, a maior gama de cores em uma marca brasileira. No formato de stick multifuncional, o Stick Pele tem a proposta de oferecer diversos modos de uso em um só produto – dentre eles base, contorno e corretivo.

Formulado com vitamina E e FPS30 UVA/UVB, o Stick Pele protege contra a luz azul e é resistente à água e ao suor. A textura cremosa permite a construção de camadas de acordo com o desejado, sem deixar a pele craquelada ou com aspecto ressecado.

Com uma ampla gama de cores entre claras, médias, escuras e retintas, o portfólio foi elaborado para atender a maior parte dos tons e subtons da população brasileira. Para o desenvolvimento da paleta de cores escuras, a marca contratou como consultor Tássio Santos, jornalista, maquiador especialista em pele negra e autor do livro “Tem minha cor? Quando maquiar se torna um ato político”.

Em agosto de 2025, a Boca Rosa lançou 15 produtos labiais: dez tonalidades de contornos labiais e cinco novos tons do gloss Hidra Lábios. Os produtos chegam para atender a pluralidade de tons e subtons das peles brasileiras, formando, de acordo com a marca, a maior cartela de cores de contornos labiais disponível no Brasil.

A Base Sérum Nude Me Una, da Natura, está disponível em 24 tonalidades. A promessa é de 24 horas de duração, com efeito natural “como uma segunda pele”, sem craquelar. Formulada com o Complexo Oxygen, que deixa a pele respirar naturalmente, a base tem textura ultraleve e cobertura customizável, com tecnologia de pigmentos, que protege a pele dos danos causados pela luz azul.

O Pó Solto Translúcido Matte Una promete oito horas de controle de oleosidade com efeito blur de longa d u r a ç ã o . O produto suaviza a aparência de poros, linhas finas e rugas, sem acumular. A composição traz a tecnologia de pigmento soft coral, com micropartículas translúcidas que promovem a adaptação da cor em todos os tons de pele, sem deixar um efeito esbranquiçado. Resistente à água e ao suor, o pó reduz a percepção de pele oleosa, sela e fixa a maquiagem.

Captura de tela 2025-09-16 161214.pngA Power Stay Base Líquida Matte, da Avon, disfarça olheiras e marcas avermelhadas, sem obstruir os poros. Formulada com niacinamida e livre de óleos, a base controla a aparência de brilho para uma pele sequinha e sem oleosidade. Com indicação para peles mistas a oleosas, a base – disponível em 20 tons – oferece cobertura de média a alta.

Disponível em 20 tonalidades, a Tratamake Base Sérum 3 em 1 hidrata a pele imediatamente “e continua agindo depois que você tira a make”. Indicada para peles mistas, secas e sensíveis, a base tem FPS 30 e traz ácido tiodipropiônico, vitamina E e microesferas de sílica na composição.

A MAC oferece diversas opções de maquiagem para pele negra. São exemplos a paleta de corretivos Studio Fix, que permite ajustar a subtonalidade da pele, e o pó Studio Fix, com acabamento blur-mate e controle de oleosidade.

O Studio Fix Powder está disponível em 68 tons, com cobertura construível de média a alta, acabamento mate e longa duração. Ideal para peles oleosas ou mistas, ele mantém a maquiagem intacta por até 12 horas, mesmo em condições adversas, e pode ser usado como base ou pó, dependendo da cobertura desejada.

Em fevereiro deste ano, a marca lançou uma nova linha de tons de nude em produtos para olhos e lábios, com mais de 21 opções “para encontrar o nude perfeito”. A marca ampliou sua cartela de cores, que já contava com mais de 150 tons. A linha inclui batons, lápis de boca e paletas de sombras, permitindo criar looks completos e personalizados.

 

Dicas Práticas

“Para uma maquiagem em pele negra ficar bonita, a pele precisa estar bem hidratada e ter viço. Uma pele muito seca ou muito mate pode ter um aspecto acinzentado, o que deve ser evitado”, diz a maquiadora Carol Romero, expert em pele negra e autora do livro Dicas de Maquiagem para Pele Negra, o primeiro a abordar o tema no Brasil.

Captura de tela 2025-09-16 162323.png
Carol
Romero

Ela recomenda que a base seja sempre testada no rosto. “O ideal é que o produto se funda com a pele ao ser espalhado para garantir um acabamento natural”, diz. O corretivo, se for usado com o objetivo de iluminar, precisa ser de meio a um tom mais claro do que a pele.

“Para corrigir olheiras, um corretivo de tom levemente alaranjado pode ser útil. Se a intenção for contornar, utilize um corretivo de um a dois tons mais escuros que a pele, optando sempre por tons azulados para criar sombra”, orienta.

No que diz respeito a produtos como sombras, batons e iluminadores, ela aponta que “não há uma regra pré-determinada. A escolha da tonalidade depende do tom e do subtom da pele da pessoa a ser maquiada, assim como o tipo de maquiagem desejada - com mais ou menos destaque”.

 

Natura realiza estudo sobre cuidados com a pele negra

Captura de tela 2025-09-16 164431.pngA Natura, o Centro de Química Medicinal da Unicamp (CQMED) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) se uniram para realizar uma pesquisa inédita sobre os componentes biológicos da pele negra. O estudo, anunciado em dezembro de 2024, deve ter duração de dois anos e vai servir de base para o desenvolvimento de produtos e tratamentos dermatológicos mais inclusivos e eficientes, que atendam uma gama maior de tonalidades de pele.

A iniciativa permitirá o avanço do conhecimento sobre as características moleculares de toda a escala de tonalidades de pele. A partir desse levantamento, será possível analisar e comparar padrões genéticos e celulares presentes nas peles e entender melhor as necessidades específicas das células, como níveis de produção de colágeno, envelhecimento da pele e predisposições a dermatoses.

“Apesar de mais da metade da população no Brasil se autodeclarar negra, ainda há uma grande lacuna em termos de estudos científicos mais aprofundados sobre as especificidades das peles pretas e pardas nas áreas cosmética e dermatológica. Essa pesquisa, portanto, será fundamental para mapearmos as necessidades de diversos tons de pele e, assim, desenvolver ingredientes e formulações mais adequados”, disse Juliana Lago, gerente científica da Natura, à época do lançamento do estudo.

Os experimentos estão sendo feitos a partir do sequenciamento de RNA de células únicas, uma tecnologia inovadora que possibilitará a investigação do perfil molecular de cada célula presente nas amostras de pele utilizadas para o levantamento, algo que as técnicas comumente utilizadas não permitem fazer.

A equipe de pesquisa e desenvolvimento da Natura tem o apoio dos times da Unicamp e da Embrapii para a realização da pesquisa, desde a execução de experimentos até as análises de dados e informações obtidas. As informações serão integradas ao banco de dados global de células humanas, o Human Cell Atlas, um consórcio internacional que está mapeando todos os tipos de células do corpo humano para possibilitar avanços na medicina.

 

 

Edição Temática Digital - Agosto de 2025 - Nº 92 - Ano 20

 

Fotos: © freepik / Freepik, © EyeEm / Freepik, © Standret/Freepik, © user21900883, The Yuri Arcurs Collection / Freepike, © lanausara / Freepik, © Anastasia Kazakova, The Yuri Arcurs Collection / Freepik, © EyeEm / Freepik, divulgação das marcas e arquivo pessoal dos entrevistados