Avaliação de Parabenos por Espectrometria de Massas
publicado em 19/04/2020
Soraya El Khatib, Rosana M Alberici, Marcos N Eberlin
Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, Campinas SP, Brasil
As técnicas utilizadas para avaliação dos conservantes parabenos em formulações cosméticas apresentam baixa reprodutibilidade e especificidade, são demoradas e muitas vezes incluem testes em animais. Neste trabalho, os autores propõem o uso da técnica de espectrometria de massas para identificar diversos componentes nas formulações cosméticas.
The techniques used for analyses of parabens derivate in cosmetic products are usually laborious, time consuming, display low accuracy and reproducibility, and require animal tests. Herein the authors propose the use of the mass spectrometry technique to characterize several cosmetics formulations.
Las técnicas corrientes para evaluar los derivados de los parabenos los cosméticos tienen una baja reproducibilidad y especificidad, requieren mucho tiempo y com frecuencia incluyen la experimentación con animales. En este trabajo, los autores proponen el empleo de la técnica espectrometría de masas para identificar una amplia variedad de componentes en formulaciones cosméticas.
Materiais e Métodos
Resultados e Discussão
Conclusão
A estabilidade de uma formulação cosmética ou produto de higiene é uma das maiores preocupações da indústria, a fim de garantir segurança e qualidade do produto acabado ao consumidor final. Os produtos cosméticos mais suscetíveis à contaminação são os que apresentam água em sua formulação (emulsões, géis, suspensões e soluções). A utilização de sistemas conservantes adequados e validados, assim como o cumprimento das boas práticas de fabricação (BPF), é importante para a conservação adequada desses insumos.1 Entre os conservantes permitidos pela legislação brasileira e mais utilizados em produtos cosméticos, fármacos e alimentos, estão os ésteres do ácido p–hidroxibenzoico, tais como: metilparabeno (MePa), etilparabeno (EtPa), propilparabeno (PrPa), butilparabeno (BuPa) e benzilparabeno (BePa), sendo os três primeiros os mais comuns nas formulações cosméticas (Figura 1).
No Brasil, a lista de conservantes permitidos para uso em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes é regulada pela Anvisa, por meio da RDC nº 162, de 11 de setembro de 2001, que estabelece uma concentração máxima permitida para o ácido 4-hidroxibenzoico, seus sais e ésteres (parabenos) de 0,4% (expresso como ácido individual) e 0,8 % (expresso como ácidos totais).1 O aumento da cadeia lateral diminui a solubilidade dos parabenos em água, podendo ocorrer de alguns desses conservantes se acumularem nos tecidos do corpo de maneira similar a outros contaminantes lipofílicos que são considerados biocumulativos.2 Estudos in vitro mostraram que a adição de MePa em cosméticos pode ser considerada segura, embora possa provocar efeitos prejudiciais à pele humana quando exposta à luz do Sol.3 A administração de PrPa e BuPa (0,01 a 1%) em uma dieta de quatro semanas foi capaz de alterar a função reprodutiva em ratos.4 A atividade estrogênica dos parabenos aumenta com o aumento do comprimento da cadeia lateral, com ramificações no grupo alquil éster, e a ordem de atividade do receptor estrogênico é a seguinte: benzil > butil > propil = etil > metil. Os desodorantes e antitranspirantes, quando são aplicados nas axilas, podem contribuir para o aumento da incidência de câncer de mama, uma vez que possuem atividade estrogênica, o que contribui para o aumento do gene de expressão receptor de progesterona.5 O Environmental Working Group Cosmetics Database (EWG) classifica o grau de toxicidade dos parabenos como elevado principalmente para os derivados PrPa e BuPa.6 Em 1995, de 215 formulações cosméticas avaliadas, 99% continham parabenos.2 Atualmente, mais de 87% dos cremes cosméticos contêm parabenos.7
A determinação quantitativa dos parabenos é de interesse e proteção do consumidor, uma vez que esses conservantes estão entre os maiores causadores de alergias e dermatites de contato. Faz-se necessário então o desenvolvimento de métodos analíticos sensíveis e seletivos para detectar e quantificar esses conservantes em diferentes matrizes. Os métodos analíticos frequentemente empregados com essa finalidade são a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), a eletroforese capilar, métodos eletroquímicos e a cromatografia eletrocinética micelar.8-12 Recentemente, a espectrometria de massas (MS) também tem sido utilizada como um método de screening útil em detectar componentes com potencial tóxico presentes em batons, esmaltes e lápis de olho.13,14 O desenvolvimento de métodos de baixo custo, que envolvam menos etapas de preparo
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