Caracterização e Disponibilidade Biológica ex vivo de Argilominerais
publicado em 21/04/2020
Pedro Eriberto Bretzke, Clóvis Antonio Rodrigues, Ruth Meri Lucinda da Silva
Universidade do Vale do Itajaí (Uunivali), Itajaí SC, Brasil
Os argilominerais, com propriedades terapêuticas e tecnológicas, têm sido usados pela população e pela indústria há séculos, porém há pouco embasamento científico quanto às suas características e aos seus benefícios. Para avaliar os argilominerais extraídos no Brasil foram feitos estudos no infravermelho, da área superficial, da capacidade de troca catiônica e da biodisponibilidade ex vivo.
The clay minerals with therapeutic and technological properties have been used by the population and industry for centuries, but there is few scientifc basis as their characteristics and benefi ts. To evaluate the clay minerals extracted in Brazil, studies have been done in the infrared, surface area, cation exchange capacity and ex vivo bioavailability.
Los arcillominerales, con propiedades terapéuticas y tecnológicas, han sido utilizados por la población y la indústria hace siglos, pero hay poca base científica como sus características y beneficios. Para evaluar los arcillominerales extraídos en Brasil, se han hecho estudios de infrarrojos, área de superficie, capacidad de intercambio catiónico y biodisponibilidad ex vivo.
Materiais e Métodos
Resultados e Discussão
Conclusão
O uso de cosméticos naturais tem crescido mundialmente, em especial nos países emergentes. Nesse contexto, os argilominerais são uma importante opção popular de cosmético com apelo natural.1
Os argilominerais têm sido utilizados com finalidade terapêutica desde os tempos pré-históricos.2 Na Grécia antiga, materiais de argila Lemnos terra foram utilizados como cataplasmas antissépticos para curar a pele, como cicatrizantes e como remédio para picadas de cobra.
Hipócrates e Aristóteles, entre outros, classificaram as terras medicinais. Esses materiais, em sua maioria, são argilominerais, com diferentes nomes dependendo das suas origens ou das diferenças em sua composição mineralógica e em suas propriedades terapêuticas, como: Terra samia, T. sigillata, T. lemnia, T. cimolia, T. sono, T. eretria, T. negra etc. No antigo Egito, os médicos dos faraós usavam terra de Nubian como agente anti-infl amatório, e ocre amarelo (uma mistura de argila e hidróxidos e óxidos de ferro) como curativo de doenças de pele e doenças internas e como preservante na mumificação. Igualmente, Cleópatra (44-30 a.C.), rainha do Egito, usava argilominerais do mar Morto, com finalidades cosméticas.3
Os argilominerais são utilizados como ingredientes ativos, ou seja, com propriedades terapêuticas, podendo ser administrados via oral (por ingestão) ou topicamente (aplicados na pele). Alguns desses minerais, quando previamente dispersos, podem ser administrados via parenteral.4
Os argilominerais também são usados como princípios ativos em diversas apresentações de cosméticos, por exemplo, em máscaras faciais, devido à sua alta capacidade de absorbância de oleosidade e de toxinas, e para promover a opacidade da pele, retirando seu brilho, proporcionando o efeito conhecido como “efeito mate”. Em emulsões, seus benefícios são a melhora da estabilidade e do sensorial. São incorporados em antiperspirantes por causa de sua capacidade de absorver odor, oleosidade e suor. Com finalidades terapêuticas, há indicações de uso dos argilominerais para o clareamento de pele, para a remoção de manchas do tipo melasma e para o tratamento de processos inflamatórios, como bolhas, úlceras e acnes.5,6
Apesar do uso milenar dessas substâncias, o conhecimento técnico-científico sobre os argilominerais no uso farmacêutico e cosmético é limitado. Muitas vezes, sua utilização baseia-se em informações empíricas. Como cada argila tem uma estrutura bastante complexa em nível nanométrico, elas são únicas, do mesmo modo como são únicos os muitos benefícios e malefícios que cada uma pode promover. Dessa forma, faz-se relevante conhecer quais são os indicadores importantes para avaliar um argilomineral. Isto porque, muitas vezes, são utilizados indicadores válidos para segmentos da indústria como a indústria cerâmica e a de louça sanitária, mas que não são pertinentes para a indústria farmacêutica e cosmética, sendo necessários outros parâmetros e critérios que se adéquem às necessidades desse ramo. Nesse contexto, os estudos propostos, como capacidade de troca iônica e área superficial, perfil do espectro no IV, além da biodisponibilidade de
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