Esterilização de Matérias Primas Cosméticas por Radiações Ionizantes
publicado em 24/04/2020
Maria Inês Harris
Instituto Harris, São Paulo SP, Brasil
Neste artigo é descrita a utilização de radiações ionizantes no controle de contaminações microbianas em matérias primas cosméticas de origem natural e em componentes de embalagem.
This article describes the use of ionizing radiation for the control of microbial contaminations in cosmetic raw materials of natural origin and in the packaging components.
En este artículo se describe el uso de las radiaciones ionizantes para el control de la contaminación microbiana de las materias primas cosméticas de origen natural y los componentes del empaque.
Radiações Ionizantes
Unidades Radiação Ionizante
Aplicações
Potenciais Efeitos em Matérias-Primas Cosméticas
Outros Riscos Associados
Conclusões
O emprego de radiações ionizantes como agentes de desinfecção e desinfestação de ingredientes e produtos acabados teve grande desenvolvimento a partir da Segunda Guerra Mundial. Hoje, esse tratamento é realizado em vários países, na esterilização de vários tipos de ingredientes, não apenas de alimentos.
Os principais defensores dessa técnica alegam que esta é importante principalmente considerando as dificuldades de manutenção dos padrões de higiene no comércio em larga escala e nas longas distâncias percorridas para distribuição de, por exemplo, grãos, alimentos preparados e até mesmo carnes. Sem adequada desinfecção, é comum que lotes inteiros de cereais sejam perdidos durante seu transporte, devido à sua infestação por insetos. Também não são raros episódios de contaminação alimentar levando a numerosos casos de hospitalização e mesmo à morte por causa de E. coli e Salmonella ssp. Sob o aspecto crônico, a contaminação com fungos Aspergillus ssp. traz efeitos a longo prazo devido à contaminação com micotoxinas, comum em materiais como amendoim e castanhas. Considerando o extenso uso desses materiais na produção de ingredientes cosméticos, a questão assume elevada importância, principalmente por não ser comum a análise da presença de micotoxinas nesses tipos de ingredientes. Por outro lado, o emprego de radiação ionizante não deve de forma alguma ser considerado um substituto para a higiene e para as boas práticas de manufatura.
O emprego da radiação ionizante deve ser realizado apenas nos casos em que exista comprovada segurança, avaliada por meio de análises físicas e químicas, de forma que seja possível determinar se não há alteração significativa da composição, se as propriedades do material não são alteradas, se não há produção de subprodutos tóxicos e se a estabilidade do produto assim tratado não é reduzida em função dos processos radicalares. Além disso, mesmo quando não há alterações físicas e químicas significativas que comprometam a segurança do consumidor, podem ocorrer alterações sensoriais, que igualmente devem ser avaliadas. Deve-se ainda atentar à presença de produtos tóxicos oriundos dos microrganismos contaminantes, avaliando-se também a possibilidade de validação de processo para diferentes materiais, incluindo estudos de estabilidade
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