Cabelos através dos tempos

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Tinturas no período greco-romano e na era da nanotecnologia

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Cabelos através dos tempos

cabelos_atraves_do_tempo.png     Os cabelos vêm carregando os mais variados símbolos ao longo da história. Eles já diferenciaram homens livres de escravos, foram cultuados, negligenciados e têm destaque na mitologia de diversas culturas – do guerreiro bíblico Sansão aos cabelos do deus hindu Shiva, que deram origem ao rio Ganges. Cabelos são exibidos como formas de expressão e de afirmação da personalidade. Não é à toa que os recursos para tratá-los e embelezá-los acompanham a trajetória do homem.

     No antigo Egito, escovas e loções de tratamento faziam parte da rotina de cuidados com os cabelos. Escavações em tumbas egípcias revelaram pentes, espelhos e navalhas feitos de cobre e bronze. As perucas usadas na época, feitas de cabelo humano ou de lã de carneiro, eram formas de distinção social, assim como o hábito de manter cabeças raspadas e corpos sem pelos, costume adotado pela nobreza cerca de 3 mil anos a.C.

     Já na Grécia e Roma antigas, escravos, prisioneiros e quem fosse considerado traidor eram os que tinham as cabeças raspadas. Para os que podiam exibir suas cabeleiras, o loiro era a cor mais desejada. Na tentativa de clarear os cabelos, mulheres e homens gregos faziam infusões com flores amarelas.

     Nos salões de barbeiros – que surgiram na Grécia antiga – intelectuais, esportistas e políticos trocavam ideias enquanto eram barbeados, e tinham os cabelos e as barbas modelados com ferro quente. Óleos, pomadas e loções eram usados para dar brilho e perfume aos cabelos. Além das barbearias, esses serviços também eram prestados nas casas de banho, sobretudo no período romano. Os homens mais abastados tinham seus barbeiros particulares.

     No entanto, como sabemos, a dedicação e o cuidado de gregos e romanos com a aparência e os hábitos de higiene foram gradualmente sendo deixados de lado, com a ascensão do cristianismo. Na Idade Média, os cabelos permaneceram como coadjuvantes, desprezados sob as perucas, que recebiam tratamento minucioso. Havia especialistas para cuidar delas. “Elas eram polvilhadas com farinha e após terem sido usadas eram colocadas sobre um receptáculo, onde um pequeno pote de mel era deixado para atrair os germes que se acumulavam nelas”, diz um trecho do livro Cabelo – Tudo que você precisa saber (Editora Atheneu), do médico dermatologista e especialista em tricologia, Valcinir Bedin.

     Grandes mudanças em relação ao tratamento dispensado aos fios só aconteceram a partir do século XX, quando os cabelos passaram por um turbilhão de transformações. Eles acompanharam os movimentos da sociedade e se beneficiaram da expansão da indústria de produtos para cuidado pessoal.

Atualmente, homens e mulheres contam com enorme variedade de produtos, desenvolvidos para atender necessidades cada vez mais específicas. As vendas de shampoos, produtos para condicionar, modelar, alisar e mudar a cor dos cabelos fazem do Brasil o segundo maior mercado mundial em produtos para cabelos.

 

Desenvolvimento dos produtos: o começo

desenvolvimento_de_produtos.png     Durante muito tempo, as pessoas utilizaram misturas caseiras para limpar e cuidar dos cabelos. Na Antiguidade, extratos de plantas e essências de rosas e jasmim eram usados para tratar a calvície, amaciar os cabelos e diminuir a oleosidade dos fios. Essas receitas chegaram ao conhecimento ocidental por meio dos cavaleiros que voltavam das Cruzadas, no período medieval.

     Conforme foram se espalhando pela Europa, esses preparados ganharam os mais inusitados ingredientes, como rã e banha de urso. Receitas excêntricas à parte, o fato é que, durante a maior parte da Idade Média, os cabelos estiveram esquecidos. Nos séculos XV e XVI eles eram comumente lavados a seco com argila em pó, e depois escovados.

     A origem do que hoje conhecemos como shampoo só foi possível graças ao desenvolvimento do processo de saponificação – obtido a partir da fervura de uma mistura de soda cáustica, gordura animal e óleos naturais.

    Durante séculos, o sabão usado para lavar roupas era o mesmo que lavava os cabelos. O sabão em forma líquida, destinado especialmente à lavagem dos fios, foi criado em 1890, na Alemanha. Contudo, a novidade só chegou ao público depois da Primeira Guerra Mundial. Considerado artigo de luxo e usado por poucos, o produto foi batizado pelos ingleses como shampoo, em alusão à palavra hindu “champo”, que significa massagear (normalmente com algum tipo de óleo, em combinação com componentes aromáticos como sândalo, jasmim, açafrão, rosa e almíscar). No início do século passado, em tempos de domínio inglês sobre a Índia, elementos da cultura indiana estavam na moda.