Materiais e Métodos
Resultados e Discussão
Conclusão

 

O uso de emulsões para incorporação de ativos cosméticos é uma prática bastante difundida na indústria cosmética.1 As emulsões consistem na mistura de uma fase aquosa com uma fase oleosa, por meio da ação de um agente emulsificante. O sistema formado é termodinamicamente instável, pois a mistura inicial das duas fases forma uma emulsão temporária e a subdivisão de uma das fases resulta no aumento de sua área superficial, e, consequentemente, da energia livre interfacial do sistema.2

A estabilidade física das emulsões pode ser afetada por fatores intrínsecos, como a variação do pH e as reações de hidrólise, e por fatores extrínsecos que estão relacionados ao material de embalagem, ao processo de fabricação e às condições de armazenamento e transporte.3 Além disso, o emulsionante utilizado deve ser compatível com a substância ativa e com os demais componentes da formulação, pois quando for insolúvel no sistema pode precipitar, contribuindo para a instabilidade da emulsão.2

Já a instabilidade química, também afetada por fatores intrínsecos e extrínsecos, pode ser ocasionada principalmente pela presença, na emulsão, de substâncias suscetíveis à oxidação. Essa reação dá origem a produtos de degradação que alteram o gosto, o odor, a cor e a aparência do produto final, além de provocar diminuição na atividade dos ativos presentes neste.1,3,4

Como tentativa de retardar o processo oxidativo em emulsões são utilizados os antioxidantes.5 Essas substâncias são capazes de neutralizar a oxidação de duas formas: protegendo os lipídios da formulação da ação de substâncias iniciadoras do processo de oxidação ou adiando a fase de propagação desta. No primeiro caso, atuam impedindo a formação de espécies reativas de oxigênio ou varrendo as espécies responsáveis pela fase de iniciação da oxidação. No segundo, interceptam os radicais propagadores da oxidação ou interrompem a fase de propagação dos radicais livres, de forma indireta.6

A escolha do antioxidante na etapa de delineamento de uma formulação baseia-se em requisitos mínimos que essas substâncias devem apresentar, como: estabilidade e compatibilidade com os demais componentes da formulação, efetividade em uma faixa de pH (de 4,0 a 6,0) e formação de compostos solúveis, inodoros e incolores.5

O BHT (di-terc-butil-hidroxitolueno) é um antioxidante sintético amplamente empregado em formulações cosméticas.1 Sua utilização tem como objetivo prevenir a rancidez oxidante de substâncias lipídicas,7 sendo que sua concentração usual é de 0,02% a 0,05%.4,7 O mecanismo pelo qual o BHT atua está diretamente relacionado com a remoção de radicais livres do meio, interferindo na etapa de propagação da reação de oxidação, responsável pela auto-oxidação das substâncias lipídicas.8,9 Sabe-se que concentrações inadequadas ou incompatibilidades podem prejudicar a atividade desse antioxidante.5

Devido à possibilidade de ocorrência de manifestações de instabilidade das emulsões utilizadas em produtos cosméticos, a avaliação da estabilidade torna-se indispensável para garantir o sucesso do produto.10 Nesse contexto, os objetivos deste