Perfumes: Arte e Ciência
publicado em 05/05/2020
Letícia Grolli Lucca, Karina Paese e Sílvia Stanisçuaski Guterres
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre RS, Brasil
A perfumaria existe há milhares de anos. Apresentou conotações diferentes durante os períodos em que foi usada e hoje já é considerada uma ciência. Este artigo traz uma revisão sobre o assunto, descrevendo o histórico, a estrutura, os métodos de preparação e as inovações sobre perfumes.
Perfumes date thousands of years. It had different connotations during the periods that it was used and now it can be considered a science. This article presents a review about this subject, describing the history, structure, methods of preparation and innovations on perfumes.
La perfumería tiene miles de años. Ha tenido connotaciones diferentes durante los períodos que ha sido utilizada y ahora ya es considerada una ciencia. Este artículo presenta una revisión del tema, que describe el histórico, la estructura, los métodos de preparación y innovaciones sobre los perfumes.
Histórico
Estrutura dos Perfumes
Preparação de um Perfume
Inovações em Perfumaria
Considerações Finais
O olfato é um dos sentidos que mais produz efeitos psicológicos no nosso organismo. Ele pode nos remeter a uma lembrança relacionada com certa fragrância que há muito tempo não era sentida. A ativação da psique humana por meio dessas substâncias eleva os perfumes a um nível científico em que normalmente não são caracterizados. Ou seja, uma fragrância não é apenas aquele odor agradável (ou não) que sentimos, mas, sim, uma mistura complexa de compostos naturais e sintéticos que podem provocar uma reação psicológica. O desenvolvimento de novas tecnologias de liberação modificada de substâncias pode realçar essa característica das fragrâncias e isso vem sendo explorado por inúmeras empresas cosméticas para melhorar a apresentação de seus produtos.1
A palavra perfume deriva do latim per fumum, que significa “através da fumaça”. Já se percebe nessa tradução o uso primordial dos perfumes: nos rituais religiosos para invocar ou agradar aos deuses por meio da fumaça da queima de ervas, que liberavam diferentes aromas agradáveis.2 A história dos perfumes é muito antiga, remonta há três mil anos com a civilização dos egípcios. Além dos propósitos místicos (nos templos e no embalsamento dos mortos), eles também utilizavam os perfumes na estética, na qual estes tinham um papel na hierarquia social.3
Outras civilizações da Antiguidade faziam o uso de perfumes na sua vida cotidiana, tanto com uma conotação religiosa quanto pessoal. São algumas civilizações que deixaram vestígios desse uso: Suméria, Mesopotâmia, Índia, Pérsia, Grécia e Roma. No tempo depois de Cristo, também são encontradas referências aos perfumes. Neste período, além de serem desenvolvidos, passaram a ter suas fórmulas transcritas. A partir desse momento, os perfumes passaram a ser mais utilizados no âmbito da estética e, chegando ao século 20, eles passaram a ter estreita conjugação com o mundo da moda.4
A partir daí, a ciência da perfumaria se desenvolveu muito. Atualmente, existem diversas técnicas para melhorar a liberação das fragrâncias e prolongar seu efeito, sempre tentando encontrar maneiras de não poluir o meio ambiente, desenvolvendo processos ecologicamente sustentáveis.4
No mercado brasileiro, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), as fragrâncias já são 15% na composição do faturamento de empresas cosméticas, representando o segundo lugar nas vendas do país, perdendo apenas para os produtos capilares. É um mercado promissor que vem colocando o Brasil entre os países que mais produzem e vendem cosméticos no mundo, além de ser um dos que mais consome, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão.5
Neste trabalho serão abordados temas sobre a perfumaria, como o histórico, a estrutura dos perfumes, a preparação de um perfume e as inovações em perfumaria. Para compilar essas informações foi realizada uma pesquisa bibliográfica em bases de dados como PubMed, SciELO, ScienceDirect, ISI Web of Knowledge, além de terem sido realizadas buscas em livros e
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