O poder das águas

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O poder das águas

     Nenhum ser vivo sobrevive sem água. O conhecimento e a utilização do poder de cura das águas minerais remontam à Antiguidade. O homem, em busca do bem-estar físico, mental e espiritual, sempre soube fazer uso das propriedades benéficas das águas. Mesopotâmios, egípcios, gregos e romanos, europeus e asiáticos... Várias foram as civilizações que ajudaram a moldar o que, hoje, sabiamente, designamos como spa.

     Não há consenso quanto à origem da palavra que denomina esse tipo de complexo turístico e de lazer: tanto pode ser uma referência ao termo em latim salute per aqua, que significa “saúde advinda da água”, como pode referir-se à cidade belga chamada Spa, que, desde o século 14, tornou-se famosa pelo suposto caráter medicinal de suas águas.

 

Ritual de saúde

Sabe-se que as termas, antes exclusivas dos ricos e poderosos, popularizaram-se e se tornaram um dos principais locais de lazer urbano durante o Império Romano. No ano 300, havia quase mil estabelecimentos só em Roma. Esses locais eram projetados com fornos para manter não só a água, como todo o local confortavelmente aquecido.

Para adentrar as termas públicas, que ofereciam higiene, saúde, lazer e cultura, algumas vezes era cobrada uma pequena quantia que permitia a todos, mesmo aos escravos, que usufruíssem dos serviços.

De maneira geral, elas eram construídas de forma que seus frequentadores seguissem uma espécie de rotina: normalmente se dirigiam ao vestiário e, em seguida, ao local de exercícios físicos, conhecido como palestra. De lá seguiam para uma sala de banhos mornos, chamada tepidarium, e desta para o caldarium, sala de banhos quentes onde também praticavam rituais de beleza, como esfoliações e massagens. O frigidarium oferecia um mergulho nas águas frias e, de lá, os frequentadores eram conduzidos até o sudatorium (uma espécie de sauna), para depois relaxarem na biblioteca.

Política, negócios e até mesmo sexo também faziam parte do menu dessa espécie de shopping center da Antiguidade. Apesar de não haver proibição explícita, normalmente homens e mulheres frequentavam as estâncias termais em períodos diferentes do dia – com exceção das prostitutas, que se banhavam com os homens.

Havia até restaurantes nos complexos, já que cardápios foram encontrados entre os objetos arqueológicos de várias termas espalhadas por todo o Império. A ascensão do cristianismo marcou o fim dos banhos públicos romanos.