Proteção solar
publicado em 01/04/2020
Kátia Neves e Mayla Siracusa Nascimento - Jornalistas
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Protetor eficaz
A ligação entre pele bronzeada e beleza veio somente depois de 1930, em especial na França, país natal da estilista Coco Chanel, uma grande entusiasta do bronzeamento. Dois anos antes, surgiram nos Estados Unidos os primeiros registros de protetores solares fabricados em escala comercial: uma emulsão composta de salicilato e cinamato de benzila.
A Austrália também se destacaria no mercado por lançar outra fórmula de filtro. No entanto, o primeiro protetor realmente eficaz foi desenvolvido pelo farmacêutico americano Benjamin Greene, em 1944, após ver as queimaduras de pele em soldados que voltavam da Segunda Guerra. Este protetor era composto à base de petróleo, de cor vermelha e um tanto viscoso. A marca foi batizada de Coppertone e tinha essência de jasmim. Na década de 60, quando os protetores industrializados eram pouco conhecidos e não se sabia muito dos perigos da exposição excessiva à luz solar, as pessoas só pensavam no assunto quando a pele começava a arder.
Os filtros solares de antigamente não tinham uma proteção adequada aos danos provocados pelo Sol. Em 1938, após se queimar escalando os Alpes, o estudante de química suíço, Franz Greiter, desenvolveu um filtro solar eficaz para a época.
Greiter prosseguiu suas pesquisas sobre proteção solar e, em 1962, introduziu o conceito de FPS (Fator de Proteção Solar). Como curiosidade, o primeiro filtro solar desenvolvido por Greiter, por meio de testes realizados muitas décadas após seu lançamento, tinha FPS 2.
Hoje o laboratório de Franz Greiter é uma empresa suíça pertencente à Johnson & Johnson, que fabrica uma linha completa de produtos de proteção solar com a marca Piz Buin, bastante conhecida na Europa.
O primeiro protetor solar do mercado brasileiro foi lançado em 1984, pela Johnson & Johnson. O Sundown com FPS 4, 8 e 15, trouxe ao país um novo conceito de proteção e despertou a consciência dos consumidores sobre a importância de se proteger a pele do Sol.
A cultura do bronzeado
Até a década de 30 ter pele clara era privilégio das classes altas, diferente dos trabalhadores que ficavam ao ar livre, expostos ao Sol, e tinham a pele sempre queimada. A partir de 1929, houve uma mudança cultural: exibir o bronzeado passou, então, a ser fashion e virou sinônimo de status social. Surgiram, assim, os primeiros trajes de banho, que cobriam boa parte do corpo. Nos anos 40 e 50 apareceram os óleos bronzeadores. Mas ainda não havia grande preocupação com a proteção solar. Nos anos 60, o movimento hippie trouxe a valorização da vida ao ar livre, o contato com a natureza e o Sol. E foi, então, que o bronzeamento tornou-se uma febre. As mulheres faziam de tudo para ter a pele bronzeada, chegando a usar produtos caseiros à base de urucum. A partir da década de 80, os cientistas começaram a alertar para os males da exposição indevida ao Sol. A alta incidência de câncer de pele, principalmente na Austrália, despertou o mundo para a necessidade da proteção solar.
A partir daí, os protetores solares tornaram-se indispensáveis, principalmente na vida de pessoas que, embora conscientes dos malefícios provocados pelos raios solares, não abrem mão da praia, do esporte e do lazer que exigem exposição ao Sol.
Mesmo assim o Brasil ainda continuou resistente, porque valorizava muito o bronzeado e a cor dourada da “Garota de Ipanema”.
Apesar do mercado de protetor solar ter crescido muito nos últimos anos, uma pesquisa realizada em 2006, pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em todo o país, mostrou que as pessoas ainda não estão totalmente conscientes dos riscos provocados pela exposição excessiva ao Sol. Cerca de 70% da população ainda freqüenta a praia sem proteção. O preço elevado do produto talvez seja uma das razões para que o protetor seja a forma de prevenção menos adotada pelos brasileiros.
A boa notícia é que as pessoas estão utilizando produtos com FPS mais altos. De acordo com a pesquisa Usage & Atitude, realizada pela L’Oréal Brasil em 2003, o FPS 30 virou líder de mercado. De 2003 a 2006, houve crescimento de 14% das consumidoras que usavam esse fator de proteção no rosto. E, ao mesmo tempo, diminuiu cerca de 9% o número de pessoas que preferiam FPS 15.
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