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Um dos efeitos colaterais da pandemia no uso de maquiagem foi o ajuste de foco: os olhos tornaram-se protagonistas, com mais pessoas apostando em delineados caprichados, novas cores de sombras e sobrancelhas impecáveis. A categoria perdeu relevância em períodos de isolamento social, mas segue exercendo seu poder de transformação, ao intensificar a união de beleza, tratamento e funcionalidade.

Produtos para maquiagem registraram bom desempenho nos últimos anos. Segundo a Euromonitor International, as vendas do varejo ao consumidor final no grupo “Colour Cosmetics” passaram de R$ 8,88 milhões em 2014 para R$ 10,063 milhões em 2019 – um crescimento de 13,3%. O Brasil ocupa a sétima posição no mercado mundial de maquiagem (dados Euromonitor, divulgados em 2021).

Com a chegada da pandemia, nossos hábitos no que diz respeito à maquiagem mudaram significativamente. “Um estudo recente da Nielsen mostra que, no mercado mundial, as vendas de batom caíram 52%; as de pós, 46%; e as de bases, 41%. No entanto, houve aumento na venda de produtos destinados à área dos olhos, como máscaras para cílios, produtos para sobrancelhas e sombras, em razão do uso de máscara. Esse cenário nos leva a buscar inovações com foco nas novas necessidades do consumidor”, diz Sara Quintana, cientista sênior de P&D na área de maquiagem da Bel Corp.

A tendência é de recuperação da categoria nos próximos anos. “O nível de inovação deve estar sempre na vanguarda. Segundo a Mintel, 42% dos lançamentos globais de cosméticos em 2020 foram de produtos de maquiagem, contra 46% em 2019. Isso mostra que o índice de lançamentos em maquiagem não teve um declínio substancial”, afirma.

Sara aponta como caminhos de adaptação para as marcas o desenvolvimento de formulações que ofereçam longa duração, sem transferência para a máscara, e que ajudem a minimizar rugas e linhas de expressão sem piorar as condições da pele. “As pessoas agora dormem menos e estão mais estressadas. Por meio da maquiagem, elas experimentam novas e agradáveis texturas, que podem estimular a felicidade”, comenta.

O que virá no pós-pandemia? “Não há futuro escrito na pedra”, responde a especialista, reproduzindo a fala do historiador e best-seller Yuval Harari a respeito dos rumos mundiais depois da covid-19. “As empresas devem considerar diferentes possibilidades, em vez de ver uma única e estarem convencidas de que ela acontecerá inevitavelmente. Acredito que a capacidade de inovar nos conduzirá às soluções para os cenários que surgirão”, argumenta.