O conceito de Fator de Proteção Solar (FPS) foi introduzido na década de 1960 e forneceu uma medida quantitativa da capacidade de um produto em proteger a pele, principalmente da radiação UVB. Historicamente, a determinação do FPS baseou-se em métodos in vivo, nos quais seres humanos são expostos à radiação UV controlada, simulando as condições de exposição ao ambiente, seja no trabalho ou no lazer. É notória a evolução dos métodos padronizados.
Desde 1990, a indústria tem se dedicado ao aprimoramento das metodologias de aferição, em vista das evoluções tecnológicas, principalmente em decorrência da diversificação das moléculas de filtros solares, orgânicos e inorgânicos, cada vez mais potentes e com a capacidade de absorver em um espectro mais amplo. Além disso, cabe ressaltar o surgimento das diversas formas galênicas aplicadas, como cremes, loções, géis, sprays, aerossóis, maquiagens, entre outros, além das necessidades de ampla proteção, como resistência à água e ao suor, proteção da pele molhada, resistência à areia, entre outras. Portanto, o método in vivo tornou-se referência internacional e vem sendo cada vez mais aprimorado, como evidenciado pela última revisão ocorrida em 2019, publicada pela ISO 24444:2019 (que reduziu muitas variabilidades experimentais), e pelo FDA em 2021.
Nesse contexto, a Comissão Europeia e a indústria de fotoproteção impulsionaram iniciativas para a criação de métodos alternativos in vitro, que remontam a experimentações iniciadas desde a década de 1990 e que estão associados às evoluções dos espectrofotômetros com esfera de integração, assim como à espectroscopia de fluorescência, mais especificamente com reflexão difusa. Esses instrumentos formam a base de apoio para os novos modelos normativos recentemente publicados, ISO 23675:2024 e ISO 23698:2024.
Diante deste cenário, com novas perspectivas de aferição do FPS, surge a pergunta: como a indústria irá eleger os métodos mais adequados para o cotidiano do processo de desenvolvimento de fotoprotetores? Neste seminário, abordaremos todos os conceitos técnicos que embasam os métodos in vitro: ISO 23675:2024 e ISO 23698:2024. Discutiremos as vantagens e desvantagens, os processos de validação, suas aplicações, restrições, limitações e incertezas, além de orientar as indústrias na escolha do método mais adequado para a sua realidade.