Repelentes de Insetos: Formulações
publicado em 01/04/2020
Cristal dos Santos Cerqueira Pinto, Elisabete Pereira dos Santos, Eduardo Ricci Júnior
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro RJ, Brasil
Neste artigo, os autores apresentam uma revisão bibliográfica dos principais ativos repelentes de insetos, sintéticos e naturais, atualmente utilizados. Também são abordadas as diferentes formas cosméticase os métodos para avaliar a segurança e a eficácia desses produtos.
In this article, the authors present a review of the main repellent active insects, synthetic and natural, currently used. Also are discussed the different cosmetic forms and methods for assesment the safety and efficacy of these products.
En este artículo, los autores presentan una revisión bibliográfica de los principales activos repelentes de insectos, sintéticos y naturales, actualmente utilizados. También se abordan las diferentes formas cosméticas y los métodos para evaluar la seguridad y la eficacia de estos productos.
Repelentes de Insetos
Ativos Repelentes Sintéticos
Ativos Repelentes Naturais
Formulações de Produtos Repelentes de Insetos
Conclusões
Doenças provocadas por picadas de mosquitos são frequentes no Brasil por causa da adaptação dos mosquitos, como o Aedes aegypti, ao ambiente urbano das cidades. O clima quente e úmido, associado aos inúmeros criadouros urbanos, proporciona um ambiente favorável à multiplicação dos mosquitos e ao surgimento de epidemias causadas por arbovírus. Muitas das arboviroses são causadas pela picada dos mosquitos. Entre elas, destacam-se: dengue, febre chikungunya, zika e febre amarela. Os casos de dengue vêm crescendo no Brasil junto com a ocorrência de casos de febre chikungunya e de zika, causadas por arbovírus e transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti. Sendo o Brasil um país tropical e propício à infestação por mosquitos hematófagos, a eliminação dos insetos transmissores dessas doenças, das matas e florestas que circundam as cidades, é praticamente impossível. O combate é feito pela eliminação dos criadouros nos centros urbanos, mas essa estratégia não é muito eficiente, ocorrendo ciclos de epidemias devido ao aumento da infestação dos mosquitos. Em anos de muita chuva e calor há proliferação dos mosquitos nas cidades, infestação das casas e, consequentemente, epidemias de arboviroses.
A prevenção consiste em reduzir o máximo possível os criadouros dos mosquitos e proteger a população de suas picadas. Para isso, recomenda-se a utilização de telas nas janelas das casas e o uso de repelentes de insetos.1
A picada de mosquito não traz apenas o desconforto da reação alérgica com prurido, edema e vermelhidão local, mas também o risco de transmissão de diversas doenças. Assim, a prevenção da picada no domicílio, no trabalho ou em ambientes externos, durante o dia e à noite, pode ser feita com o uso de formulações tópicas repelente seguras e eficazes. Os produtos repelentes são substâncias químicas naturais ou sintéticas que, ao serem aplicadas sobre a roupa ou a pele, evitam o pouso do mosquito e, consequentemente, sua picada. Os ativos repelentes são substâncias oleosas voláteis que necessitam de um veículo fisiologicamente aceitáveis para a sua administração sobre a pele. A aplicação direta de ativo repelente sobre a pele pode causar aumento da toxicidade cutânea e efeitos adversos sistêmicos. Os principais veículos do ativo são loção, creme e gel. Os estudos de segurança e eficácia são importantes no desenvolvimento de um novo produto, além de obrigatórios para o registro deste em órgãos regulatórios. Os principais testes de segurança envolvem citotoxicidade de cultura de células como macrófagos, fibroblastos e queratinócitos. Além disso, estudos de permeação cutânea in vitro fornecem dados sobre o grau de penetração cutânea do ativo. Os repelentes de insetos têm ação tópica e deseja-se retenção do ativo nas camadas cutâneas superficiais e mínima permeação para a solução receptora do estudo de permeação in vitro.11
Para visualizar o restante do artigo faça seu login ou então se cadastre gratuitamente e acesse todo o conteúdo disponível.
1. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico 47(3), 2016
2. Paumgartten FJR, Delgado IF. Repelentes de mosquitos, eficácia para prevenção de doenças e segurança do uso na gravidez. Vigil Sanit Debate 4(2):97-104, 2016
3. Wylie BJ et al. Repellants during pregnancy in the era of the Zika virus. Obstet Gynecol 123(5):1111-1115, 2016. Disponível em: www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27548647. Acesso em: 27/8/2016
4. Yoon et al. Comparison of repellency effect of mosquito repellents for DEET, citronella, and fennel oil. J Parasitol Res 2015:1-6, 2015. Disponível em: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4617422/pdf/JPR2015-361021.pdf. Acesso em: 29/8/2016
5. Barradas et al. Development and characterization of micellar systems for application as insect repellents. Int J of Pharmaceutics 454(2013):633-640, 2013
6. Stefani et al. Repelentes de insetos: recomendações para uso em crianças. Rev Paul Pediatr 27(1):81-89, 2009. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rpp/v27n1/13.pdf. Acesso em: 27/08/2016
7. Islam J, Zaman K, Duarah S, Raju SP, Chattopadhyay P. Mosquito repellents: an insight into the chronological perspectives and novel discoveries. Acta Topica 167:216-230, 2017
8. Anvisa. Câmara Técnica de Cosméticos – Catec. Utilização do DEET em preparações de repelentes para insetos, Parecer Técnico nº 2, de 11 de dezembro de 2006. Disponível em: www.anvisa.gov.br/cosmeticos/informa/parecer_deet.htm. Acesso em: 21/10/2016
9. Katz TM, Miller JH, Hebert AA. Insect repellents: historical perspectives and new developments. J Am Acad Dermatol 58:865–871, 2008
10. Ribas J, Carreño AM. Avaliação do uso de repelentes contra picada de mosquitos em militares na Bacia Amazônica. An Bras de Derm 85(1):33–38, 2010
11. Pinto IC et al. Development and characterization of repellent formulations based on nanostructured hydrogels. Drug Devel and Ind Pharm 1:1-20, 2016
12. WHO (Word Health Organization): Guidelines for efficacy testing of mosquito repellents for human skin WHO/HTM/NTD/WHOPES/2009.4. Book Guidelines for efficacy testing of mosquito repellents for human skin WHO/HTM/NTD/WHOPES/2009.4 City: World Health Organisation, 2009
13. DeGennaro M. The mysterious multi-modal repellency of DEET. Fly 9(1):45-51, 2015
14. Debboun M, Stephen P. Frances SP, Strickman D. Insect Reppelents Handbook. CRC PressTaylor & Francis Group. Broken Sound Parkway NW, Boca Raton, 2015
15. Broschard TH et al. Biotransformation and toxicokinetics of the insect repellent IR3535® in male and female human subjects after dermal exposure. Toxicology Letters 218(2):246–252, 2013
16. WHO (World Health Organization). Ethyl butylacetylaminopropionate also known as IR3535. Geneva: World Health Organization; 2005 (WHO specifi cations and evaluations for public health pesticides, evaluation report 667/2005). Disponível em: www.who.int/whopes/quality/en/IR3535_eval_april_2006.pdf. Acesso em:21/10/2016
17. Cilek JE, Petersen JL, Hallmon CE. Comparative efficacy of IR3535 and DEET as repellents against adult Aedes aegypti and Culex quinquefasciatus. J Am Mosq Control Assoc 20(3):299-304, 2004
18. Thavara U, Tawatsin A, Chompoosri J, Suwonkerd W, Chansang UR, Asavadachanukorn P. Laboratory and fi eld evaluations of the insect repellent 3535 (ethyl butylacetylaminopropionate) and DEET against mosquito vectors in Thailand. J Am Mosq Control Assoc 17(3):190-5, 2001
19. Merck. IR3535, Technical Material. Interim specification WHO/IS/ TC/667/2001, 2001
20. SP Frances et al. Field evaluation of repellent formulations against daytime and nighttime biting mosquitoes in a tropical rainforest in northern Australia. J Med Entomol 39:541, 2002
21. Picaridin. A new insect repellent. Med Lett Drugs Ther47(1210):46-7, 2005
22. Insect Repelents. The Medical Letter on Drugs and Therapeutics 58(1498):83-85, 2016
23. Maia MF, Moore SJ. Plant-based insect repellents: a review of their efficacy, development and testing. Malaria Journal 10(Suppl 1):S11, 2011
24. Nuchuchua O, Sakulku U, Uawongyart N, Puttipipatkhachorn S, Soottitantawat A, Ruktanonchai U: In vitro characterization and mosquito (Aedes aegypti) repellent activity of essential-oils-loaded nanoemulsions, AAPS Pharm Sci Tech 10(4):1234, 2009
25. EPA (United States Environmental Protection Agency). Product Performance Test Guidelines Insect Repellents to be applied to Human Skin, 2008
26. Nano Repellent. Repelente de insetos nanoestruturado. Disponível em: http://nanovetores.com.br/produtos/nano-repellent. Acesso em: 10/6/2017
27. Ultra 30 CRIR (Controlled Release Insect Repellent). Repelente de insetos de liberação prolongada. Disponível em: https://sawyer.com/products/ultra-30-liposome-controlled-release. Acesso em: 10/6/2017
28. Nerio LS, Olivero-Verbel J, Stashenko E. Repellent activity of essential oils: a review. Bioresource Technol 101(1):372-378, 2010
29. Mueller GC, Junnila A, Butler J, Kravchenko VD, Revay EE, Weiss RW, Schlein Y. Effi cacy of the botanical repellents geraniol, linalool, and citronella against mosquitoes. J Vector Ecol 34(1):2-8, 2009
30. Sunlau. Repelente com protetor solar FPS 30 2 em 1. Disponível em: www.sunlau.com.br/produtos/repelentes.html. Acesso em: 12/6/2017.
31. Repelente Nano Icaridina. Disponível em: https://medicinalnaweb.com.br/p/repelente-nano-icaridina-233. Acesso em: 12/6/2017
32. Nano Repellent. Disponível em: http://nanovetores.com.br/produtos/nano-repellent. Acesso em: 12/6/2017
33. Anvisa. Resolução – RDC nº 19, de 10 de abril de 2013. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão de registro de produtos cosméticos repelentes de insetos e dá outras providências. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0019_10_04_2013.html. Acesso em: 4/7/2017
Deixar comentário
Para comentar é preciso fazer login no sistema.