Micotoxinas em Ingredientes Cosméticos
publicado em 08/04/2020
Maria Inês Harris
Instituto Harris, São Paulo SP, Brasil
As micotoxinas mais estudadas são aflatoxina B1, ocratoxina A, deoxinivalenol, zearalenona, fumonisina B1 e tricotecenos, porém outras podem ocorrer e todas apresentam perigos característicos. Considerando seus aspectos toxicológicos e a exposição do consumidor de cosméticos, sugerimos que a análise de micotoxinas seja item de especificação em matérias-primas de origem vegetal.
The most studied mycotoxins are aflatoxin B1, ochratoxin A, deoxynivalenol, zearalenone, fumonisin B1 and trichothecenes, but others may occur and all presente characteristic hazards. Considering its toxicological aspects and consumer exposure of cosmetics, we suggest that the analysis of mycotoxins must be a specification for all raw materials from vegetal origin.
Las micotoxinas más estudiadas son aflatoxina B1, ocratoxina A, deoxinivalenol, zearalenona, fumonisina B1 y tricotecenos, pero otras pueden ocurrir y todas presentan peligros característicos. En cuanto a sus aspectos toxicológicos y la exposición del consumidor de cosméticos, sugerimos que el análisis de micotoxinas sea elemento de especificación en materias primas de origen vegetal.
Exposição Humana às Micotoxinas
Propriedades Tóxicas das Micotoxinas
Micotoxinas (do grego mykes = “fungo”) são compostos tóxicos produzidos por fungos e que foram descobertos apenas em 1960 após um surto de mortes de aves de criação (perus) no Reino Unido, atribuído à ração preparada com amendoins importados da África e do Brasil. Hoje já há mais de 400 micotoxinas identificadas, havendo indicativos de que existam milhares delas.1
Essas toxinas são metabólitos secundários policetônicos resultantes das reações de condensação que ocorrem quando se interrompe a redução dos grupos cetônicos na biossíntese dos ácidos graxos realizada pelos fungos. Não são conhecidas exatamente suas funções nos fungos, mas sabe-se que alguns deles produzem diferentes micotoxinas, e há micotoxinas comuns a diferentes fungos.2
As micotoxinas existem principalmente em micélios e esporos de estirpes toxigênicas dos fungos. Elas também podem ser encontradas nos conidiósporos (do grego konis = “poeira”), células leves que flutuam no ambiente e que, ao cair em um material apropriado, são capazes de gerar sozinhas um novo mofo ou bolor.
Condições tropicais, como altas temperaturas e umidade, monções, chuvas fora de época durante a colheita e enchentes, propiciam a proliferação de fungos e a produção de micotoxinas.2
Entre as milhares de espécies de fungos já identificadas, apenas cerca de 100, pertencentes aos gêneros Aspergillus, Penicillium, Alternaria e Fusarium, são reconhecidas por produzir micotoxinas. Entre as aproximadamente 400 micotoxinas conhecidas, as mais importantes são aflatoxinas (AFs), zearalenone (ZON), deoxinivalenol (DON ou vomitoxina), fumonisinas (FUMs), ocratoxinas (OTs) e tricotecenos (T-2 e HT-2).
Esses fungos produtores de micotoxinas são categorizados em dois grupos principais: os fungos de campo, que atacam as plantas antes da colheita, e aqueles que se proliferam nas sementes armazenadas, denominados fungos de armazenamento. Muitos desses fungos também são encontrados em residências,3 levando à ocorrência de doenças imunológicas e neurológicas diversas, associando-se o maior tempo de exposição a eles diretamente à observação de ocorrência de doenças.
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