Procedimentos Experimentais
Resultados e Discussão
Conclusão

 

Desde a Antiguidade, o cabelo tem sempre um significado simbólico, considerado como o centro da força, como um símbolo de realeza e estado social, como um fetiche e índice de sensualidade e, mais comumente, como um emblema de juventude. Questões culturais e sociais tornam os pelos alvos de investigações, principalmente na área cosmética. Já na área clínica, desordens no crescimento dos pelos (queda ou crescimento excessivo) despertam o interesse para estudos relacionados a mecanismos de ação e a sensibilidades dos pelos a hormônios sexuais, visto que nessas situações esses padrões podem estar alterados. Os pelos, provavelmente, surgiram de estruturas sensoriais especializadas com função mecanorreceptora e que evolutivamente facilitaram a função termorregulatória dos sinapsídeos (mamíferos ancestrais semelhantes a répteis), no período Permiano. Mutações subsequentes transformaram esses “protopelos” em uma “protopelagem”, conferindo vantagens evolutivas no que se refere à abrasão e à perda hídrica sofridas por esses animais.1 Após esses eventos, já no período Jurássico, a endotermia surgiu gradualmente em mamíferos ancestrais, propiciando a formação de “pelos verdadeiros” a partir da “protopelagem”.2

A pele e os pelos exercem funções críticas para a sobrevivência dos animais. Entre estas podemos destacar: a proteção contra a perda de líquidos, variações de temperatura, radiações, traumas, infecções e percepção do ambiente por meio do tato. Por meio da camuflagem, da pele e do pelo, promovem proteção contra predadores, além de permitirem maior interação social em épocas de acasalamento.3 O cabelo protege a cabeça e o pescoço dos efeitos solares e do frio, o que é feito por meio da melanina presente nos fios. Além disso, o cabelo tem receptores sensoriais que aumentam a proteção da cabeça quando necessário. Os cílios e as sobrancelhas desempenham elevada proteção, pois impedem a entrada de partículas nos olhos. 4,5 A oleosidade excessiva no couro cabeludo, além de prejudicar o visual, pode desencadear outras alterações, como caspa, dermatite seborreica ou queda capilar. 6-8 Daí o interesse de fabricantes de produtos farmacêuticos e cosméticos, e de dermatologistas, na determinação do conteúdo de sebo na pele e/ou anexos.9,10

Para o estudo das características biológicas, mecânicas e funcionais da pele, utiliza-se a biometria cutânea, que, por meio de métodos cientificamente comprovados e não invasivos, fornece uma medição objetiva e rigorosa de determinados parâmetros.11 Um dos métodos inseridos na análise biométrica é o Sebumeter (marca registrada da Courage-Khazaka electronic GmbH, Colônia, Alemanha), um dispositivo de medição do índice lipídico, que é o mais utilizado e de maior êxito em relação à medição seborreica na pele, no couro cabeludo e no cabelo.12,13 Essa medição baseia-se na fotometria (na banda do visível), utilizando uma fita especialmente concebida, que se torna progressivamente transparente por causa da absorção dos compostos de natureza lipídica.14

Um cabelo saudável tende a permanecer em um estado condicionado, isso é, a cutícula permanece intacta e uma camada de sebo fornece proteção ao cabelo frente à fricção mecânica, além de brilho, leveza e maior facilidade de penteá-lo e arrumá-lo. No entanto, um acúmulo de sebo dá ao cabelo uma aparência indesejável e, durante o processo de limpeza, o cabelo úmido é vulnerável à abrasão mecânica que, juntamente com determinados tratamentos, o danificam.15 O uso excessivo de shampoos inadequados, o uso de secadores, de tinturas e até mesmo de medicamentos para o controle de oleosidade podem provocar a retirada do manto hidrofóbico capilar.16 Este artigo teve como finalidade avaliar os efeitos da medição da