Microesferas de Silício como Filtros contra Luz UV, Visível e Infravermelha para Cosméticos
publicado em 04/05/2020
Isabelle Rodriguez, PhD, Roberto Fenollosa, PhD, Francisco Meseguer
Centro de Tecnologias Físicas, Unidade Associada ICMM-CSIC/UPV, Universidade Politécnica de Valencia, Valencia, Espanha
As microesferas de silício são descritas como filtros de radiação de luz UV, visível e infravermelha (IV). Os parâmetros dessas esferas, incluindo forma, macieza, índice de refração e tamanho, são examinados para que sejam determinados seus benefícios potenciais em formulações cosméticas. Finalmente, a capacidade das esferas de bloquear a radiação IR é avaliada para detectar seus efeitos termorreguladores.
Silicon microspheres are described as UV, visible and infrared (IR) radiation filters. Parameters of these spheres including shape, smoothness, refractive index and size are examined for their potential benefi ts in cosmetic formulations. Finally, the ability of the spheres to block IR radiation is evaluated for thermoregulatory effects.
Las microesferas de silicio se describen como filtros de radiación de luz UV, visible e infrarroja (IR). Los parámetros de estas esferas incluyendo forma, lisura, índice de refracción y tamaño se examinan para determinar sus benefícios potenciales en formulaciones cosméticas. Finalmente, la capacidad de las esferas de bloquear la radiación IR se evalúa para detectar sus efectos termoreguladores.
Micropartículas de Silício: Síntese e Propriedades Ópticas
Materiais e Métodos
Resultados e Discussão
Avaliação de Segurança
Conclusões
Como é comumente conhecido, o espectro de radiação solar se estende em comprimentos de onda que vão de 200nm a 3.000nm. Dentro desse espectro, os diferentes tipos de radiação podem ser classificados por comprimento de onda e conteúdo de energia. A radiação ultravioleta (UV), que vai de 200nm a 380nm, produz queimaduras e eritemas no caso da UVB, ou envelhecimento da pele e fotocarcinogênese, possivelmente, provocando câncer na pele, no caso da UVA.1 A luz visível fica na faixa de 380nm a 700nm, e a radiação infravermelha (IV), que está dentro da faixa de 700nm a 3.000nm, é responsável pelo calor e parece estar envolvida no envelhecimento da pele2,3 e no desenvolvimento do câncer.4
,A radiação solar que alcança a superfície da Terra é composta de aproximadamente 7% de UV. Os 93% restantes se dividem, aproximadamente, entre radiação visível e radiação IV. Enquanto 7% é aparentemente pequeno se for comparado ao todo, esse nível de radiação UV é suficiente para causar danos à pele. Além disso, o dano à camada de ozônio durante as últimas décadas aumentou os níveis de radiação UV que chegam à superfície da Terra.5 Por isso, foram feitos esforços para desenvolver filtros UV orgânicos e inorgânicos, e a indústria dos bloqueadores solares foi beneficiada com a introdução de novos ingredientes ativos para melhorar a proteção contra a UV.;6
,As moléculas químicas orgânicas, incluindo salicilatos, cinamatos, cânfora, derivados de triazona (UVB) ou benzofenonas, avobenzona e bemotrizimol (UVA), absorvem a radiação UV, enquanto as partículas inorgânicas, como o dióxido de titânio (TiO2) e o óxido de zinco (ZnO), refletem e espalham os raios UV. As partículas micronizadas desses compostos posteriores foram usadas para melhorar a proteção contra a UVA, já que dispersam a luz eficientemente na faixa de 320-400nm, sempre que estão presentes em quantidades suficientes. Atualmente, os fabricantes cosméticos usam esses materiais conjuntamente com ingredientes químicos orgânicos absorvedores de UV para aumentar a proteção na região UVA ou para ampliar o espectro de cobertura. Entretanto, apesar de essas partículas espalharem efetivamente a UV, seu uso em formulações de cuidado solar representa um desafio já que apresentam coloração branca na pele. Isso se deve à atenuação da luz visível, particularmente dependente do tamanho de partícula, e, em geral, esteticamente inaceitável.
Para evitar esse efeito branqueador, foram desenvolvidas partículas de dimensões “nano” para proporcionar proteção UV aceitável, já que elas se apresentam muito mais transparentes na pele, uma característica que não é obtida com as partículas maiores. Além disso, após a controvérsia sobre a possível penetração na pele de nanopartículas e sua localização nos nodos linfáticos,7-9 recentes descobertas mostraram que nanopartículas como TiO2 ou ZnO, utilizadas em cosméticos, penetram na pele, porém não vão além do estrato córneo.10
Adicionalmente, vários estudos demonstram que, devido às fortes forças entre nanopartículas – como a de Van der Waals e forças eletrostáticas, e as pontes de hidrogênio entre partículas na água -, os agregados tendem a se formar durante a preparação de filtro solar, portanto, são geradas aglomerações de partículas que são muito grandes para penetrar no estrato córneo.11,12
Entretanto, reduzir o tamanho das partículas dos cristais, particularmente do Ti02, pode provocar aumento da atividade fotocatalítica13-16 e causar formação de radicais livres sob a presença de luz. Portanto, muitas manipulações, como coberturas, pré-tratamentos e pré-dispersões, são necessárias para minimizar esse efeito,17,18 assim como melhorar a qualidade e a compatibilidade da dispersão das partículas de TiO2 e de ZnO nas formulações cosméticas.19
Até agora, a pesquisa de cuidado solar na indústria cosmética tem enfocado principalmente os efeitos danosos das radiações UV na pele humana e o desenvolvimento de filtros de radiação UV para as formulações cosméticas. Porém, as radiações nas faixas visível e IV também devem ser consideradas, pois são absorvidas pela pele humana.20,21
Também como o que foi descrito anteriormente, a radiação total direta a que os indivíduos estão expostos é aproximadamente 39% na faixa visível e 54% na faixa IV – quantidade bastante significativa. É importante notar que se conhece pouco sobre os efeitos biológicos da radiação IV na pele22 e que, apesar de alguns estudos indicarem que eles podem estar envolvidos no envelhecimento prematuro da pele21,23,24 e, em sinergia com a radiação UV, no desenvolvimento de câncer na pele,4,25 outros mostram que a radiação IV pode ter efeito protetor contra o dano da radiação UV.26 Apesar de tudo, a presença de qualquer radiação IV corresponde à radiação de calor, que é absorvida na camada epidérmica e causa aumento na temperatura da pele,22 assim como lesões e carcinogênese.27 Por isso, aumentou o interesse em se estudar e desenvolver filtros solares que protejam a pele contra os efeitos térmicos da radiação IV.
Para visualizar o restante do artigo faça seu login ou então se cadastre gratuitamente e acesse todo o conteúdo disponível.
1. J Krutmann, BA Gilchrest. Photoaging of skin in Skin Aging, Springer, New York, 2006
2. C Cales, M Schneider, F Macaluso, T Benesova, J Krutmann, P Schroeder. Infrared A radiation infl uences the skin fi broblast Transcriptome: Mechanisms and consequences, J Invest Dermatal 130(1524), 2010
3. JH Lee, MR Roh, KH Lee. Effects of infrared radiation on skin, Photoaging and Pigmentation 47(485), 2006
4. C Jantschitsch, S Majewski, A Maeda, T Schwartz, A Schwarz. Infrared radiation confers resistance to UV-induced apoptosis via reduction of DNA damage and up-regulation of antiapoptotic proteins, J Invest Dermatol 489(1271), 2009
5. DW Fahey. Twenty questions and answer about the ozone layer: 2006 update, US Department of Commerce National Oceanic and Atmospheric Administration Earth System Research Laboratory, diponible en www.esrl.noaa.govlcsdlassessmentsl20061chaptersltwentyquestions.pdf (acceso Jul 20, 2010)
6. NA Shaath. The Encyclopedia of Ultraviolet Filters, Allured Business Media, Carol Stream, 2007
7. Nanomaterials, sunscreens and cosmetics: Small ingredients high risks, disponible en www.foe.org/sitesl default/fifes/final_ USA_web.pdf (acceso Jul 7, 2010)
8. A review of the scientific literature on the safety of nanoparticulate titanium dioxide or zinc oxide in sunscreens, Australian government department of health and ageing, Therapeutic Goods Administration (TGA) July 2009, disponible en www.tga.gov.aulnpmeds/sunscreenzotd.pdf (acceso Jul 7, 2010)
9. J Hale Zippin, A Friedman. Nanotechnology in cosmetics and sunscreens: An update, Nov 7,2009, J of Drugs in Dermatology, disponible en http://fi ndarticles.comlplarticles/mi_mOPDGlis_10_Blai_n393 729 741 (acceso Jul 7, 2010)
10. JW Wiechers. Small, smaller and nano materials: An invisible benefit, Cosm & Toil, 125(5):49-101, 2010
11. P Baveye, M Laba. Aggregation and toxicology of titanium dioxide nanoparticles, Environ Health Perspect 116A:152, 2008
12. G Aldous, P Kent. Titanium dioxide and zinc oxide nanoparticles in sunscreen formulations: A study of the post production particle size distribution of particles in a range of commercial emulsion variants in Hamilton sunscreens and nanoparticles, information related to sunscreen safety, Dec 9, 2009, disponible en www.hami/tonlabs.com.au/sitelpage.cfm?a=l&c=72 (acceso Ju1 20, 2010)
13. D Beydoun, RAmal, G Low and S McEvoy, Role of nanoparticles in photocatalysis, J of Nanoparticle Research 1:439-458, 1999
14. KM Hanson, E Gratton, CJ Bardeen. Sunscreen enhancement of UV-induced reactive oxygen species in the skin, Free Radical Biologyand Medicine 41:1205-1212, 2006
15. U Stanfford, KA Gray, PV Kamat, Heterogeneous Chem Rev 3:77- 104, 1996
16. S Buzby, SI Shah. Photocatalytic properties otTiO, nanoparticles, in Dekker Encyclopedia of Nanoscience and Nanotechnology, JÁ Schwarz and CI Contescu, Karol Putyera, eds, CRC Press: Boca Raton, FL USA, 2007
17. P Casey, S Boskovic, K Lawrence, T Turney. Controlling the photoactivity of nanoparticles, NSTI-Nanotech vol 3, 2004
18. WA Lee, N Pernodet, B U, CH Un, E Hatchwell, MH Rafailovich. Multicomponent polymer coating to block photocatalytic activity of TiO, nanoparticles, Chem Commun 4815-4817, 2007
19. D Schlossman, Y Shao. Inorganic UV fi lters, in Sunscreens: Regulations and Commercial Developments 3rd ed, NA Shaath, ed, Taylor and Francis, New York, 2005
20. HM Bassel, CL Hexsel, IH Hamzavi, HW Lim. Effects of visible light on the skin, Photochemistry and Photobiology 84:450-462, 2008
21. P Schroeder, S Schieke, A Morita. Premature skin aging by infrared radiation, tobacco smoke and ozone, Skin Aging, B Gilchrest and J Krutmann, eds, Springer: Berlin, 2006
22. SM Schieke, P Schroeder, J Krutman. Cutaneous effects of infrared radiation: From clinical observations to molecular response mechanisms, Photodermatol Photoimmunol Photomed 19:228- 234, 2003
23. P Schroeder et al. Cellular response to infrared radiation involves retrograde mitochondrial signaling, Free Radic Bioi Med 43:128-135, 2007
24. P Schroeder et al. Infrared radiation induced matrix metalloproteinase in human skin: Implication for protection, J Invest Dermatol 128:2491-7, 2008
25. LH Kligman. Intensifi cation of UV-induced dermal damage by infrared radiation, Arch Derm Res 272:229-238, 1982
26. S Frank, S Menezes, C Lebreton-De Coster, M Oster, L Dubretet. Coulomb B infrared radiation induces the p53 signaling pathway: Role in infrared prevention of ultraviolet B toxicity, Exp Dermatal 15:130-137, 2006
27. JS Dover, TJ Phillips, KA Arndt. Cutaneous effects and therapeutic uses of heat with emphasis on infrared radiation, J Am Acad Dermatal 20:278-286, 1989
28. R Fenollosa, M Tymczenko, F Meseguer. Silicon colloids: From microcavities to photonic Sponges, Adv Mater 20:95-98, 2008
29. M Tymczenko, doctoral thesis, Universidad Politecnica de Valencia, Valencia, España, 2010
30. F Fenollosa, F Meseguer. Microspheres of silicon and photonic sponges, method for production and uses thereof in the manufacture of photonic devices, W02008155438, 2008
31. E Palik, in Handbook of Optical Constants of Solids, vol. 1, Academic Press, New York, 1985
32. K Chattopadhyay et al. Quantum dot semiconductor nanocrystals for immunophenotyping by polychromatic fl ow cytometry, Nature Medicine 12:972, 2006
33. I Rodriguez, R Fenollosa, F Meseguer, A Perez-Roldan. Spanish patent no. P201030129 Madrid (Feb 2010)
34. Evic Hispania website, disponible en http://evichispania.com/english/index.php (aceso Jul 7, 2010)
Deixar comentário
Para comentar é preciso fazer login no sistema.