O Perfumista
Composição de uma Fragrância
Genealogia
Notas Femininas
Notas Masculinas
Conclusão

 

O nome perfume deriva do Latim "per fumum" ou também "pro fumum' que significa destinado a fumo, o que demonstra talvez a mais antiga aplicação da mistura de fragrâncias, ou seja a das oferendas de defumação com fumos aromáticos, do "fumo de incenso", tal como o encontramos hoje, após milhares de anos, na Igreja Católica. 

Assim a história da perfumaria começa no âmbito sacro, místico. E, ainda, em nossos dias o próprio perfume tem um não se sabe que de misterioso - e para o consumidor, sua composição, sua origem e, até sua função, permanecem num enigma mais ou menos mágico. Pode-se esclarecer um pouco deste enigma, sem destruir a fascinação emanada de uma fragrância perfeita. 

Conhecemos com a oferenda de defumação com fumos aromáticos, o incenso dos povos antigos. A receita de sua composição foi elaborada por sacerdotes e magos e, guardada em segredo, transmitida de gerações para gerações. 

Entretanto, sabemos que sua composição principal na época, como é nos dias de hoje, contém resina de olíbano, procedente de regiões que hoje são a Etiópia e a Somália. Além das resinas, mas principalmente madeiras pulverizadas, cortiças, especiarias e raízes serviam de componentes nas misturas aromáticas, uma vez que as técnicas de extração de substâncias aromáticas das flores ainda não eram muito avançadas. 

Mais tarde, produtos perfumador e misturas aromáticas foram adicionados aos óleos santos utilizados não só pelos sacerdotes, mas também nos utensílios sagrados. 

Entretanto, poucas receitas de composições aromáticas da época foram transmitidas por escrito, a maioria delas estão em paredes de templos egípcios, mas uma está registrada no 2o Livro de Moisés, capítulo 30. Essa receita utiliza quatro fragrâncias naturais, as quais são empregadas nos dias de hoje - naturalmente em forma muito mais resinada: 

     - mirra, uma fragrância balsâmica agreste;
     - cássia, uma nota doce acanelada;
     - cortiça de árvore de canela;
     - óleo de cálamo aromático, obtido da raiz de uma espécie de cana. 

 

O Perfumista 

Enquanto que nos tempos antigos o desenvolvimento de composições aromáticas era uma ocupação secundária dos sacerdotes e magos, na Grécia Clássica e de maneira crescente, no Império Romano, o “perfumista” adquiriu destacada importância como cria dor profissional de fragrâncias. 

Na França existe desde o século XVII uma corporação autêntica, uma associação de perfumistas. Atualmente, existem no mundo cerca de mil perfumistas profissionais. 

A capacidade humana de perceber e interpretar odores constitui o mais sensível de nossos cinco sentidos e o mais enigmático. 

As impressões olfativas produzem bem-estar, descontentamento, agrado ou desagrado. 

Quando alguém ou algo não nos inspira confiança, podemos dizer que não nos faz bem, pelo contrário, um odor agradável de um perfume, por exemplo, nos produz uma agradável sensação, dando asas à nossa fantasia. 

Os odores e perfumes que percebemos, despertam nossas recordações ou provocam associações, assim, por exemplo, o forte odor de um campo recém-arado ou o perfume áspero de um pasto nos recorda talvez, um feliz dia de férias. 

A percepção de um certo perfume faz surgir em nossa recordação um período de vida já esquecido. 

No mundo dos odores já se tem conseguido na época recente, fabricar de forma artificial, o que é oferecido pela natureza. 

O número de substâncias aromáticas naturais e sintéticas utilizadas hoje é grande. 

E para poder formar um vasto ramo de extratos e substâncias aromáticas homogêneas, é necessário o trabalho artístico e criativo do perfumista, que descreve e ordena o mundo inacabável dos odores, transformando o perfume, numa obra de arte. 

Cada nova composição traduz uma criação própria baseada nestes componentes e na inspiração pessoal. 

Há perfumes tão doces quanto o som de uma flauta, verdes como um campo, frescos como a caricia de uma criança e há outros ricos, profundos e de uma infinita penetração e sensualidade, de musk ou âmbar. 

 

Composição de uma Fragrancia 

Notas de cabeça. São as notas de saída ou as primeiras notas que se sente ao abrir um frasco de perfume ou, ao aplicar uma fragrância sobre a pele. Estas notas, de diversos direcionamentos olfativos, são muito importantes também na identificação ou na classificação famíliar das fragrâncias. Delas fazem parte uma vasta gama de matérias-primas aromáticas, que tanto podem ser naturais, como sintéticas, normalmente são mais voláteis e com um expressivo poder de irradiação. 

Olfativamente, podem ser direcionadas para o verde, o herbal, o refrescante, o cítrico, o frutal, o conífero, etc. 

Notas de corpo. São as notas que compõem o bou quet de uma fragrância. 

São normalmente direcionadas para as flores, no caso das fragrâncias femininas e mistas, no caso das fragrâncias masculinas. Tão importante são as notas de corpo, que sem elas os perfumes não teriam uma personalidade definida. 

Caracterizam, em todos os sentidos, a identidade de uma fragrância, sendo responsáveis pela continuidade e a harmonia com que esta deva apresentar, quando as notas de cabeça já estão se volatilizando. 

Entre as notas de corpo, pode-se ainda incluir também direcionamentos frutais, cítricos, herbáceos, coníferos etc. 

Assim justifica-se o nosso termo "mistas” descrito acima para as fragrâncias masculinas - são combinações ou complexos de matérias-primas mais duradouras, com razoáveis poder de fixação e expansão. 

Como exemplo de notas de corpo, pode-se citar rosa, jasmim, lírio do vale, flor de laranjeira, gardênia, jacinto, tuberosa, flor-de-cravo, gerânio, madeiras, coníferas etc. Além disso, pode-se dizer também que as notas de corpo formam a ponte de harmonia e ligação entre as notas de cabeça e notas de fundo. 

• Notas de fundo. São as notas que ficam sobre a pele (ou outra superfície) após várias horas de sua aplicação. É o que chamamos de fixação de um perfume. Tem uma função complementar apenas, mas de grande importância. 

São as notas baseadas em matérias-primas naturais: animais, vegetais ou sintéticas. Estas notas são cuidadosamente escolhidas pelo perfumista para compor a fixação de acordo com o tipo ou família da fragrância a ser criada. Elas completam valiosamente uma fragrância, mas não servem como parâmetros de identificação das fragrâncias, na maioria dos casos, são matérias-primas pesadas, como podemos chamar, que poderão estar direcionadas para: madeiras (patchuli, sândalo), musgos, resinas, animálicas, âmbar, almíscar, condimentadas, pulverosas, etc. 

 

Genealogia 

Observando-se as principais tendências da perfumaria do nosso século, sob o ponto de vista de tipos de fragrâncias e classificando-se estes perfumes em famílias de fragrâncias, chega-se à conclusão que os perfumes de diferentes famílias de fragrâncias desenvolvem-se continuamente segundo um modelo que parece praticamente pré-estabelecido, depois de terem atingido o ponto mais alto de sua popularidade, estes perfumes são substituídos por uma nova tendência com base em outra família de fragrância. 

 

Notas Femininas 

De 1900 a 1910, notas florais.
Durante a primeira de cada do século, estiveram na moda as notas florais. Fragrâncias florais simples, que levavam nomes de flores como rosa, jasmim, violeta etc, ou combinações de notas florais distintas, como Quelques Fleurs

Entre 1970 e 1920, as notas chipre estiveram na moda.
A nota chipre consiste, principalmente, no acorde de bergamota e musgo de carvalho. 

Os primeiros perfumes mais representativos foram Chipre de Coty e Mitsouko de Guerlain 

Entre 1920 e 1930, como dizemos "the golden twenties."
As notas aldeídicas criaram uma nova tendência 

Esta nova tendência apareceu com Chanel No5, uma composição floral distinta. Aldeídos alifáticos na nota de cabeça foram a grande novidade introduzida por este perfume, outras variações florais foram lançadas, como Arpège, Je Reviens e Bois des Lles. Os aldeídos também foram introduzidos na nota chipre e o resultado foi Crêpe de Chine, de Millot. 

Entre 1930 e 1940, notas orientais.
Nessa época, as pessoas aceitavam fragrâncias pesadas. Houve duas principais tendências: 

     - As notas orientais, representadas por criações famosas, como Shalimar, Chantilly, Shocking e Tabu

     - As fragrâncias mais secas nos campos de tabaco. couro e fougère, por exemplo, Cuir de Russie, Scandal e Canoe. Devido à sua intensidade, estes perfumes podem ter a mesma classificação que os orientais. 

• Durante a quinta década (1940 1950).
As notas verdes foram a nova tendência. Esta família de fragrâncias representou uma verdadeira inovação, em virtude do descobrimento de novos ingredientes de odor especificamente verde. Vent Vert foi a primeira fragrância floral-verde, Ma Griffe e Miss Dior, as primeiras chipre-verdes. 

Observando-se a evolução até essa data, pode-se afirmar que, durante a primeira metade do século e até o início dos anos 50, cada tendência em perfumes durou mais ou menos uma década. 

Deve-se mencionar que, nos anos 30, apareceram no mercado alguns novos perfumes florais. Naquele momento, não faziam parte de uma tendência muito importante, porém, foram pilares para um futuro desenvolvimento. Estamos falando de Joy de Patou, que durante muito tempo foi visto como o perfume mais caro do mundo, Fleurs de Rocaille e também White Shoulders

Desde os anos 50, as tendências têm mudado mais rapidamente, um fenômeno que, em nossa opinião, deveria ter começado mais cedo, caso a Segunda Guerra Mundial não tivesse interrompido os progressos da perfumaria. 

A década de 1950 até 1960 apresentou duas tendências.
Seguindo a nota Chipre-verde, que foi lançada no fim nos anos 40, a nota chipre, com tonalidade animal, chegou a estar na moda. 

Ainda que tenha ido como primeiros representantes Bandit e Miss Dior, esta tendência apenas mais tarde se converteu num grande êxito. 

Cabochard e Intimate provocaram um impacto significativo no mercado europeu e no mercado norte-americano. 

Em consequência disso, pode-se antecipar uma nova tendência: as notas orientais. Iniciou-se em 1952, com Youth Dew, um perfume que alcançou um enorme êxito, sobretudo no mercado norte-americano. 

Entre 1960 e 1970 apareceram, novamente, duas tendências, as notas florais.
Têm que ser mencionadas como as primeiras tendências dessa década. A ideia básica, introduzida por Quelques Fleurs, reaparece e é aperfeiçoada com famosas criações, como Dioríssimo, L'air du Temps, Fidji e Norell

As notas aldeídicas foram a segunda tendência dos anos 60. A versão moderna do tema de Chanel N°5 e Arpège, foi representada por Madame Rochas e Caleche. Madame Rochas desenvolve uma nota floral leve e é tão elegante quanto Calèche. Ao passo que este último tem um interessante toque de incenso, que dá mais substância à fragrância. 

Observando-se a evolução entre 1950 e 1970, pode-se ver que, durante 17 desses 20 anos, sempre existiram duas tendências principais em uma década. Os desenvolvimentos posteriores seguiram sempre este principio. A mudança rápida de tendência e as numerosas apresentações novas continuaram também pelos anos 70. 

1970 a 1980, é preciso dividir este período em duas partes.
- 1970 a 1975, notas chypre iniciaram a tendência. No campo das notas chypre, algumas criações florais-frescas seguiram a tendência Cabochard. Novas matérias-primas sintéticas estruturadas em jasmim ajudaram o perfumista no desenvolvimento de novos acordes. Os melhores exemplos foram Eau Sauvage e Diorella. Ambas composições frescas com uma nota floral de jasmim. Por outro lado, notas chypre como Empreinte, Ellipse e Sikkim

- Notas verdes. As notas verdes como segunda tendência, voltam a ser populares. O primeiro êxito das notas verdes dos anos 70, foi o Chanel N° 19, uma composição floral-fresca com acentos de íris. Mais tarde aparece Alliage, um elegante perfume esportivo com tonalidades florais-coníferas. Alliage é de grande importância como trendsetter para ambas as notas femininas e masculinas. 

Devin e outros desenvolvimentos como Tactics e Nino Cerruti são exemplos típicos. 

As notas florais foram a terceiru tendência entre 1970 e 1975.
As notas florais dos anos 70 estão concentradas no campo 3 da genealogia de perfumes, a categoria das criações florais-secas, que passou a ser particularmente interessante no principio dos anos 70. 

Por volta de 1973, havia somente poucos perfumes neste campo. Hoje em dia, é um dos mais densos. 

Três criações manifestaram-se como trendsetters

     - Estée, um perfume floral, especificamente do tipo americano,
     - Charlie, um perfume derivado da tendência Fidji,
     - Chloé, o primeiro de muitos perfumes baseados em notas tuberosas como Jontue, Belle de Jovan e Enjoli

Cada um destes trendsetters foi seguido por um grande número de perfumes, praticamente todos lançados nos Estados Unidos, de onde conquistaram o mercado internacional. Esta tendência realmente americana chegou rapidamente a ser um sério desafio para a França, que guardou sempre a tradição de país avantgarde em perfumaria. 

As notas aldeídicas foram a quarta tendência dos anos 70.
A constante popularidade das notas aldeídicas já se manifestava no principio dos anos 60, quando Madame Rochas e Calèche foram lançados. Com o lançamento de Climat e Calandre, teremos dois pilares que tiveram numerosos sucessores. Tem acentos rosados-verdes e uma característica que voltou a basear-se em uma matéria-prima sintética nova com estrutura de jasmona. 

Entre 1975 e 1980, as notas orientais.
As notas orientais foram redescobertas por volta de meados dos anos 70, particularmente na Europa. Um grande número de perfumes orientais surgiu no mercado, criados em função do gosto e do importante mercado norte-americano. A França, particularmente, criou um notável número de produtos como Vu, Expression, J’ai Osé e Magie Noire

Opium foi um êxito muito grande. O perfume pode ser descrito como um tipo moderno de Youth Dew. Uma intensa fragrância, assim como uma perfeita apresentação e promoção contribuíram para seu grande sucesso. A tendência Opium continua, apesar de já estarem aparecendo os primeiros sinais de novas tendências. 

Estamos falando de notas verdes e notas florais, duas tendências posteriores que apareceram nos fins dos anos 70. 

Estas notas entraram em moda novamente e incluem agora matizes de frutas, que combinam particularmente com perfumes e eau de toilettes muito jovens como Amazone e Jean Louis Scherrer para as notas verdes e Quartz, Lauren, Anais Anais e Métal para as notas florais. 

Ao todo, sete tendências apareceram nesta última década (70-80). Antes disso, nunca tivemos mercado tão ativo. 

De 1980 a 1990.
A partir do início desta década, até os dias de hoje, podemos observar que houve um grande desenvolvimento de novas criações perfumísticas. Daremos alguns exemplos a seguir: 

No campo das notas florais lemos: Paris/Y.S. Laurent (1983) e Elernity/C. Klein (1988). 

No campo das notas florais-frutais temos: Liz Claiborne/ Liz Claiborne, lançado nos Estados Unidos em 1986 baseado no tema Lauren e Colors/ Benetton (1987). 

No campo das notas florientais temos: Poison/Dior (1985) e Roma/L. Biagiotti (1988). 

No campo das notas florais aldeídicas temos: Byzance/Rochas (1987) e Red/Giogio Beverly Hills (1989). 

No campo das notas orientais temos: Must/Cartier (1981), Côco/Chanel (1984), Obsession/C. Klein (1985) e Samsara/Guerlain (1989). 

No campo da notas chypre temos: Paloma Picasso/Paloma Picasso (1984) e Diva/Ungaro (1983). 

Bem, esta é nossa análise das tendências deste século. Pode-se notar que as principais se sucederam umas às outras, de maneira quase regular e também que a duração de cada período torna-se cada vez mais curta. 

 

Notas Masculinas 

São classificadas em famílias: 

• Lavanda.
As águas de lavanda representam um conceito de tom muito puro, que comparado com outros conceitos, permite poucas criações perfumísticas. Semelhante às notas cítricas puras, as notas de lavanda se destacam por seu predominante frescor. 

Junto com a lavanda se apoia outro tema: o Fougère, resultante da combinação de musgo de carvalho e lavanda. 

Perfumes que se destacam nesta família, English Lavender/Yardley (1913), Lavanda 4711 (1792) e Pinho Silvestre/Vidal (1955). 

Fougère.
O conceito fougère, como já foi dito antes, se baseia na combinação de lavanda, musgo de carvalho e cumarina. 

Em suas origens, o acorde fougére estava baseado em criações da perfumaria feminina, onde depois se transformou em uma linha perfumística reconhecidamente masculina, que na atualidade, desempenha um papel muito pequeno nas fragrâncias femininas. 

As notas fougère são classificadas em:

     - Fougère fresco. Os perfumes deste grupo representam numerosas variações da clássica nota fougére, caracterizados por um predominante frescor de lavanda. 

Perfumes que se destacam nesta família, Azzaro/ Azzaro (1978) e Jazz/Y.S. Laurent (1988). 

     - Fougère floral. As criações deste conceito fougère acentuadamente floral, compreendem notas muitos ricas, permitindo o continuo aparecimento de novas e modernas criações. Para os tons florais se empregam acordes claros, como Neroli e Muguet, combinados com uma saída fresca de lavanda c outros acordes especiados. 

Perfume que se destaca nesta família, Paco Rabanne/Paco Rabanne (1973). 

     - Fougère amadeirado. Baseado no próprio nome, os perfumes deste grupo indicam, em sua maioria, que se tratam do criações marcadamente amadeiradas. 

Perfumes que se destacam nesta família, Kouros/ Y.S. Laurent (1981) e Zino Davidoff/Lancaster (1986). 

     - Fougère doce. O legendário Fougère Royale que deu nome as notas fougére, foi criado em 1882, pouco depois de ter-se descoberto um novo produto aromático, a cumarina. A persistente e doce fixação obtida pela cumarina, conseguiu nos anos posteriores, criar uma nova tendência, especialmente no mercado americano. 

Perfume que se destaca nesta família, Brutt/Faberge (1964). 

Oriental.
Faz pouco tempo que se utiliza a definição oriental em notas masculinas. Antes existiam poucos perfumes baseados neste conceito, pois as notas especiadas muito doces não encontravam aceitação, Hoje, os gostos são diferentes, os perfumes masculinos podem perfeitamente ser doces, fortes e de grande impacto. 

Os perfumes masculinos classificados como oriental especiado são preparados com ingredientes especiados como cravo, noz-moscada e canela combinados com notas amadeiradas, ambaradas e animálicas. 

E para os classificados como oriental doce são combinados tons ambarados com um fundo culinário doce de vanilina e âmbar. 

Perfumes que se destacam nesta família, Lagerfeld/ Lagerfeld (1978) e Open/Roger & Gallet (1985). 

Chypre.
O conceito chypre está caracterizado por um frescor cítrico juntamente com um fundo de musgo de carvalho e patchuli. 

Hoje há um número semelhante de notas chypre para ambos os sexos, permitindo o desenvolvimento de uma grande quantidade de composições distintas. 

As notas chypre estão classificadas em:
     - Chypre amadeirado. As influências mais predominantes desta variação de chypre se devem a três óleos essenciais amadeirados, sândalos, patchuli e vetiver. 

Perfumes que se destacam nesta família, Vetiver/Carven (1957) e Moods Uomo/Krizia (1989). 

     - Chypre couro. Dentro deste conceito, se distinguem três linhas importantes: notas de couro especiadas, notas puras de couro e notas frescas de couro. 

Perfumes que se destacam nesta família, Aramis/Aramis (1965), Van Cleef & Arpels (1978) e Macassar/Rochas (1980). 

     - Chypre conífero. Esta variação da nota chypre começou a ter aceitação nos anos 70, devido ao emprego de novos produtos aromáticos amadeirados e extratos naturais de coníferas (pinheiros). Tem uma grande irradiação natural, sobressaindo o aspecto esportivo das criações chypre situadas neste campo. 

Perfumes que se destacam nesta família, Drakkar Noir/Guy Laroche (1986), Boss/Betrix (1985) c Pancaldi/Pancaldi (1989). 

     - Chipre fresco. Os perfumes deste grupo se caracterizam por ser iguais em sua irradiação e impacto, seus componentes lhes dão um efeito muito interessante, já que junto ao seu frescor, faz parte um fundo de produtos fixadores escolhidos, resultando num perfume transparente e fresco com boa fixação. 

Perfumes que se destacam nesta família, Halston Z-14/Halston (1976) e Cool Water/Davidoff (1988). 

     - Chypre verde. As composições desta família têm um caráter bem fresco, sobretudo em sua nota de saída e fundo; combinam-se componentes verdes-herbáceos com um bouquet floral e elementos amadeirados, musgosos e são considerados tanto para homens como para mulheres. 

Perfume que se destaca nesta família, Nino Cerruti/Nino Cerruti (1980). 

Cítricos.
As fragrâncias cítricas são historicamente as criações mais antigas da perfumaria. A principio eram conhecidas como águas refrescantes o mais tarde, devidamente enriquecidas com bouquet fixadores, passaram a dar caráter a perfumes mais intensos. 

     - Cítrico floral. Todas as composições deste campo, têm uma nota de saída de água de colônia e um fundo ligeiramente masculino, acompanhado de um caráter floral elegante e discreto. São consideradas como unissex. 

Perfume que se destaca nesta família, Eau Sauvage/Dior (1966). 

     - Cítrico fantasia. Nesta família estão classificadas distintas linhas de água de colônia, que se destacam por seus bouquets cheios de fantasia. 

Perfume que se destaca nesta família, Armani/Armani (1984). 

     - Cítrico verde. As notas cítricas verdes desta família também são basicamente águas de colônia, nas quais são incorporados acordes naturais verdes e frutais para fortalecer seu frescor. 

Nestes perfumes se dá mais importância ao frescor do que a fixação da fragrância. 

Perfumes que se destacam nesta família, Drakkar/ Guy Laroche (1972) e Fahrenheit/Dior (1988). 

 

Conclusão 

Acreditamos que, diversas tendências virão nesta década que se inicia, tanto para as notas femininas quanto masculinas. 

Na atualidade, cada perfume pode e deve se valorizar baseando-se num conceito perfumístico fundamental. Cada um destes conceitos, por sua vez, tem vários aspectos que permitem uma interpretação ou variação de um mesmo tema, sem com isto sair do seu marco perfumístico.

Portanto, a classificação dos perfumes se efetua por notas ou famílias, baseando-se nos conceitos perfumísticos. 

Desde a sua origem, as genealogias dos perfumes H&R têm classificado os perfumes do mercado mundial segundo dois aspectos fundamentais: 

     - cronologicamente, segundo seu ano de lançamento no mercado; 
     - perfumisticamente, segundo as características de sua fragrância; 

como poderá ser verificado nas ilustrações que seguem.

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Este artigo foi publicado na revista Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), 3(2): 17-23, 1991.