Pigmentos Perolizados como Protetores Solares 
Determinação dos fatores de FPS

Os pigmentos perolizados vêm sendo usados desde épocas passadas, principalmente devido ao efeito decorativo que proporcionam. Seja revestindo um substrato, seja incorporados a um determinado meio, proporcionam o brilho, o reflexo e o esplendor normalmente associados aos pigmentos perolizados. Além dessas qualidades, alguns pigmentos perolizados podem ser usados não somente por seu efeito decorativo, mas também como agentes de proteção contra os raios ultravioleta. Os pigmentos são compostos de mica revestida por camadas bem finas de dióxido de titânio (TiO2). 

Quando dispersos em cremes e loções, os pigmentos não somente conferem uma aparência de pérola, como reduzem a quantidade de radiação ultravioleta que atinge a pele. O seu uso em produtos de proteção aos raios UV, permite a redução da concentração de filtros absorvedores orgânicos de UV. Todos essas micas revestidas por Tio2 são facilmente dispersas, insolúveis, inertes e atóxicas. 

A radiação UV, pode ser dividida em três partes: UVA, UVB e UVC. A faixa de UVA se situa entre 320 nm e 420 nm. Dados recentes sugerem que a radiação solar nesta região é responsável pelos danos a longo prazo que afetam a pele, tais como perda de elasticidade, enrugamento e câncer de pele. Alguns protetores solares, reduzem a quantidade de radiação UVA que atinge a pele. A intensidade da proteção solar proporcionada por eles ainda não está bem caracterizada. A maioria dos agentes de proteção atua na faixa de UVB. 

A região de UVB, se situa entre 290 mm e 320 nm. Essa região está associada a efeitos como queimadura solar, ressecamento da pele e possíveis efeitos carcinogênicos. A ação protetora dos agentes nesta faixa e medida pelo Fator de Proteção Solar (FPS), e pode ser obtida usando-se os testes de exposição acelerada a curto prazo. 

A faixa de UVC se situa entre 200 nm e 290 nm. Nessa região, os raios do sol nem sempre atingem a superfície da Terra. São absorvidos pela camada de ozônio na estratosfera. 

 

Pigmentos Perolizados como Protetores Solares 

Para avaliar os sistemas de proteção solar à base de pigmentos perolizados, foi usado um método baseado em transmissão espectrofotométrica. Embora esse método não seja capaz de medir a proteção solar em unidades de FPS,  propicia uma base comparativa entre os vários pigmentos. 

Pelo fato do Tio2 ter sido aprovado pela FDA (Food and Drug Administration) como um protetor solar, uma série de pigmentos perolizados que contêm mica e Tio2 foram selecionados para avaliar a proteção contra a radiação solar. 

Os pigmentos perolizados avaliados, incluem um que possui brilho fraco e transparência visual moderada, dois com brilho moderado e baixa transparência e, um com alto brilho e alta transparência. Todos esses pigmentos são compostos de mica revestida por finas camadas de TiO2

Para as medidas espectrofotométricas, os pigmentos foram incorporados a filmes de nitrocelulose de 10 micron de espessura, a razão de 8% em peso. A transmitância na faixa de UV e na faixa de luz visível é mostrada na Figura 1. A transmitância a 325 nm é apresentada na Tabela I. Esses comprimentos de onda atingem a parte superior da faixa UVB, onde é mínima a interferência do filme de nitrocelulose. Nas curvas apresentadas na Figura 1, os valores mínimos de transmitância de 190 nanômetros são devidos a absorção pela nitrocelulose (na qual foram incorporados os pigmentos). O pigmento perolizado que proporcionou a maior proteção contra UV, foi de 130 F, segui do por 120 V, 110 W e 120 C. Portanto o pigmento perolizado que confere máxima proteção a UV, é o de 130 E. 

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Embora TiO2 absorva radiação na faixa de UV, os mecanismos pelos quais as micas revestidas com TiO2 agem como protetores solares nas fórmulas não se devem só a absorção. A reflexão e a dispersão também têm o seu papel. O pigmento que confere a maior quantidade de proteção aos UV tem também o menor tamanho de partícula e a mais alta concentração de TiO2 entre todos os pigmentos testados. Outros pigmentos perolizados que têm concentrações equivalentes ou maiores de dióxido de titânio, porém tamanho de partícula maiores, têm capacidade menor de proteção à luz solar. 

As medidas utilizadas foram de natureza espectro fotométricas. Essas medidas não podem ser convertidas em unidades de FPS. Só proporcionam uma comparação da eficácia de cada pigmento como agentes de proteção aos raios ultravioleta. Por conseguinte, é de interesse determinar o fator em relação ao FPS de um protetor solar à base de pigmento perolizado. 

 

Determinação dos fatores dos FPS 

Foi desenvolvida uma fórmula de creme perolizado de proteção solar à prova d'agua na qual o pigmento 130F foi usado com metoxicinamato de octila e benzofenona. Na Fórmula 1, são mostrados os ingredientes e os procedimentos utilizados. Em seguida, essa fórmula foi submetida a um teste específico para de terminação em laboratório do fator do FPS. Com a presença de 25% dos pigmentos perolizados mais eficazes, foi encontrado o fator do FPS 14,32. Quando essa mesma fórmula foi repetida com 25% de mica sem cobertura, substituindo um pigmento revestido de TiO2 obteve-se o valor do FPS 11,89. A presença do pigmento perolizado aumentou em 20% o FPS, isto é, de 11,89 a 14,32. É possível, portanto, reduzir a concentração de outros absorvedores orgânicos de UV, por meio do uso de um adequado pigmento perolizado revestido TiO2.

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Além dos protetores solares perolizados da Fórmula 1, são possíveis muitas outras combinações de pigmentos perolizados como absorvedores orgânicos de UV. Uma fórmula de brilho labial com protetor solar utiliza o mesmo pigmento da Fórmula 2. Outra formulação, não apresentada neste artigo, utiliza um pigmento à base de cobre e ouro em conjunto com metoxicinamato de octila na preparação de um creme bronzeador bronze-cobre perolizado para proporcionar “bronzeado instantâneo". São possíveis muitas combinações similares utilizando-se pigmentos perolizados. 

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Este artigo foi publicado na revista Cosmetics & Toiletries (Edição em Português), 4(5): 37-39, 1992.
Publicado originalmente em inglês em Cosmetics & Toiletries, março de 1991.