Lembro-me, com particular ternura, de um capacete de corrida azul, feito de plástico firme, com duas hastes que se fechavam perto do meu pescoço. O aparato era meu xodó absoluto lá pelos meus 9 ou 10 anos, mesma época em que eu venerava uma série de animação japonesa intitulada Speed Racer, criada no fim dos anos 1960 por Tatsuo Yoshida e que narrava as peripécias de um muito jovem e destemido piloto de corrida e seu surpreendente automóvel, o Mach 5.

O capacete fincou definitivamente o pé na minha memória por um motivo bem menos lúdico: foi um dos artifícios utilizados para dar cabo da colônia de piolhos que tomava a minha outrora – que saudade - vasta cabeleira. Na época era comum um determinado inseticida em pó, que vinha numa latinha pequena e meio bojuda, que fazia um barulhinho fofo enquanto apertávamos os dedos em suas extremidades, fazendo expelir jatos generosos de um talco com cheiro insuportável. Não sei se por iniciativa minha ou de minha mãe, provavelmente minha, o capacete foi usado para fechar hermeticamente os piolhos com quilos do pozinho, numa verdadeira câmara de extermínio no alto da minha cabeça.

Os anos se passaram e os piolhinhos continuam a visitar regularmente as madeixas dos sem capacetes, principalmente crianças em idade escolar. O Cosmetoguia consultou a dermatologista Thais do Amaral Carneiro Cunha para trazer informações sobre a praga e seu tratamento atual.

Os piolhos são parasitas do homem, insetos sem asa que se alimentam de sangue humano. Apesar de sua transmissão ser relativamente comum, ainda causa desconforto e, curiosamente, até mesmo um certo constrangimento.