Cosméticos e moda : tudo coordenado

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Cosméticos e moda : tudo coordenado

cosméticos_e_moda2.png     O “casamento” entre o mundo dos cosméticos e a alta costura teve início nas primeiras décadas do século 20, com a investida de maisons francesas no desenvolvimento de perfumes e, posteriormente, em produtos como maquiagens, esmaltes e cremes faciais. O movimento, que começou com grifes icônicas, como Chanel, Dior, Yves Saint Laurent e Givenchy, hoje ganhou a adesão de uma ampla diversidade de marcas, que usam seu prestígio e sua imagem de qualidade para ditar moda em outros segmentos.

     A palavra “moda” vem do latim modus, que significa “modo” ou “maneira”. Já a denominação em inglês desse termo, fashion, é uma corruptela de façon, palavra francesa que significa “modo” ou “maneira”. Em um espectro que vai muito além do mundo das passarelas, a moda integra o uso de roupas a um contexto maior, que abrange aspectos políticos, sociais e sociológicos. “Você enxergará melhor a moda se conseguir visualizar uma evolução. Pense no jeito que as pessoas se vestiam nos anos 1970 e depois nos 1980 e tente, ainda, achar um denominador para o que as pessoas usavam na década de 1990. Essas mudanças é que são a moda. Ao acompanhar/retratar/simbolizar essas transformações, a moda serve como reflexo das sociedades à sua volta. É possível entender um grupo, um país, o mundo naquele período, pela moda então praticada”, diz a jornalista Erika Palomino, no livro A moda (Publifolha).

     O conceito de moda surgiu no final da Idade Média, na corte de Borgonha (que é parte da França na atualidade). O desenvolvimento das cidades e a maior aproximação entre as pessoas na vida urbana ocasionaram mudanças de comportamento significativas. Enriquecidos pela prática do comércio, burgueses passaram a imitar as roupas dos nobres. Estes, por sua vez, inovaram em seus trajes para manter a diferenciação em relação aos demais. Os burgueses continuavam copiando o estilo da nobreza e, dessa maneira, os “modismos” foram se renovando.

     Aos poucos, a moda passou a cumprir o papel de atender às necessidades mais essenciais das pessoas, como se sentir aceitas por um grupo, além de ajudá-las a expressar suas ideias. Ao longo de sua trajetória, a moda adquiriu uma aura de superficialidade e de limitação a determinada parcela de pessoas. “Há um preconceito concreto em relação à moda, em parte porque o caráter da moda é de fato efêmero (ela muda oficialmente de seis em seis meses, e seu meio é a roupa) e porque ela tem a ver com a aparência (supostamente privilegiando o superficial em detrimento do intelectual: forma versus conteúdo) ”, descreve um trecho do livro mencionado anteriormente. No entanto, apesar de sua suposta superficialidade, a moda tem implicações sociológicas e psicológicas, como descreve Erika Palomino: elas estão em “coisas simples como sentir-se bem ao usar determinada roupa, ou sentir-se poderoso ou vulnerável vestindo outra... Sem falar da expressão pessoal”. Assim como o vestuário, sabemos que o uso de produtos para perfumar ou embelezar as pessoas também acompanham e são reflexos das mudanças da sociedade. Nada mais natural, portanto, do que a integração entre moda e cosméticos.

 

Transformações aceleradas

     As grandes mudanças do século 20 possibilitaram o nascimento e a renovação de modismos. A década de 1920 foi um período marcado por progressos em várias áreas do conhecimento. Foram anos de inovações tecnológicas, de modernização das fábricas e início do cinema falado. As mulheres se livraram dos espartilhos, usados até o final do século 19, começavam a mostrar as pernas (os tornozelos) e a usar maquiagem. O look das mulheres na década de 1920 incluía máscaras para cílios (nessa época foi criado o primeiro curvador de cílios), sombras escuras e bochechas vermelhas. A pintura na boca era feita em formato de coração. Os vestidos eram leves e deixavam braços e costas à mostra.

     No Brasil do fim do século 19 e início do século 20, apenas os artigos franceses eram considerados chiques. As pessoas mais abastadas passavam temporadas na Europa e de lá traziam roupas, sapatos, perfumes e itens de maquiagem, como o rouge. “A sombrinha completava o conjunto. As cores eram escuras: preto, pardo e cinzento – como era moda em Paris”, diz a autora de A moda. A busca por formas de expressão tipicamente brasileiras ganharia os primeiros contornos com a Semana de Arte Moderna, em 1922. Nessa época, o entretenimento de massa começava a despontar. Anúncios de produtos de maquiagem apareciam nas revistas, em linha com o desejo coletivo de embelezamento e retomada do ânimo, após a Primeira Guerra Mundial (1914–1918).